A Póvoa de Varzim celebrou na quarta-feira os seus 48 anos desde que conquistou o estatuto de cidade. Nesta cerimónia presencial, realizada ao final da tarde de ontem no Garrett, foram homenageadas duas personalidades e duas associações. Aires Pereira, presidente da autarquia, fez um discurso virado para a sustentabilidade ambiental e apontou um concelho no “rumo certo”.
A Medalha de Cidadão Poveiro foi para o coronel Armando Soares Ferreira, antigo comandante da Escola dos Serviços, situada em Beiriz. Agradeceu a condecoração e estendeu-a a todos os militares da unidade, atuais e passados, que fizeram daquela uma instituição “estimada e prestigiada junto dos poveiros”. O quartel da Póvoa teve “a preocupação” de “abrir as portas” à comunidade porque “é importante” que as pessoas saibam que os militares “são pessoas normais”, disse. Ter sido comandante da Escola dos Serviços foi, de resto, um “momento único” na carreira.
A Medalha de Reconhecimento Poveiro foi entregue a Luís Leal, 86 anos, jornalista e mentor na divulgação e expansão na área de desporto popular nas freguesias. Perante “tão alta” distinção, lembrou que todo o seu trabalho foi conduzido a pensar no “bom nome” da terra. “Servi o mais que pude a causa poveira. Para mim não havia diferença entre as coletividades ou entre os bairros”. Enquanto impulsionador do Plano de Promoção de Atletismo da Póvoa de Varzim, fê-lo com o propósito de “levar o desporto às freguesias do concelho”. Foi a partir daí que se tornou visível a necessidade de melhorar as condições para os atletas, sobretudo a nível de infraestruturas. Após cerca de 40 anos, a evolução é clara, facto a que Luís Leal reage “sem vaidade mas com uma ponta de orgulho”.
Capela Marta e Rancho de Rates com trabalho de longevidade pela cultura
Também homenageado foi o grupo Capela Marta, pelas sete décadas de música coral. João Magalhães, presidente, recordou os “obreiros da longevidade”, desde logo Tomás Pontes e Antoninho Marta, além do presidente honorário da associação Albino Maio. Esta distinção traz “responsabilidades acrescidas” mas também dá “ânimo” pela “certeza de um futuro melhor”. Nesse sentido, a criação da Capela Marta Júnior é “sem dúvida” um dos objetivos em cima da mesa. Cientes das “dificuldades”, a coletividade “tudo fará” para “continuar a merecer” a Póvoa de Varzim.
Por fim, o Rancho Folclórico de São Pedro de Rates, a quem o município quis agradecer os 50 anos de divulgação da etnografia poveira pelo país e até lá fora. José Matias, presidente, transmitiu imensa “honra e orgulho” naquele que foi o momento “mais marcante” da história do grupo. Por causa da pandemia, o Rancho encontra-se parado, mas espera retomar o mais breve possível os seus projetos. José Matias aproveitou para apelar: “No futuro gostava de ver em Rates uma rua com o nome de Rancho Folclórico de São Pedro de Rates”.
Presidente da assembleia municipal destaca “afirmação” da Póvoa
Afonso Pinhão Ferreira, presidente da assembleia municipal, afirmou que todos estes homenageados “nos envaidecem” com o seu “modelo de cidadania”. E completou: “Sou testemunha abonatória do vosso dilatado contributo para a coesão do nosso concelho”. Lembrou, ainda, a elevação da Póvoa de Varzim a cidade, há 48 anos, um dia abundante em “significado” e do qual se lembra “bem”. Desde aí a “afirmação” do município tem-se feito notar progressivamente.
Aires Pereira fala em “revolução verde”
Aires Pereira, presidente da câmara municipal, foi o último a intervir e desde logo começou pelo desenvolvimento da Póvoa desde 1973, ano em que se tornou cidade. De resto, o seu discurso abordou sobretudo a questão do ambiente e da economia circular, centrada no reaproveitamento dos resíduos.
Disse que a agenda pós-pandemia deve incorporar a importância de levar as cidades para um modelo mais ambientalmente sustentável. “A natureza agradeceu aliviada [os confinamentos] porque a qualidade do ar melhorou em todo o mundo”, argumentou. “Antes da pandemia vivíamos deslumbrados numa modernidade assente na tecnologia omnipotente e no consumo ilimitado e irrefletido”.
O edil alertou que, se nada for feito, o mundo irá ver até final do século uma pandemia bem pior que esta chamada ‘alterações climáticas’. A Póvoa tem feito a sua parte, diz: “Não passa despercebida a ninguém a revolução verde que temos em curso no concelho, com a abertura de ciclovias e percursos pedonais, desde a orla costeira até ao interior. Quase todos temos um parque à porta de casa, num modelo que combina a prática desportiva com o lazer ativo, a paisagem natural com o património cultural, e o turismo de natureza com a economia local”.
Segundo Aires Pereira, a Póvoa deve procurar atrair novos habitantes, nomeadamente os jovens, com qualidade de vida ao nível de habitação, segurança, indústria e emprego. “Uma cidade sem barreiras físicas e sociais”, perspetivou. Este será o “século das cidades”, que é onde a maior parte da população se vai concentrar de forma cada vez mais acentuada.
Juntando todos estes ingredientes, o edil não tem dúvidas: “O concelho está no rumo certo”.
Foto CMPV