Póvoa de Varzim perde vulto das artes e cultura com a morte de Dulcídio Marques

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Morreu esta terça-feira, aos 88 anos, o artista plástico Dulcídio Marques, poveiro que desde cedo ficou ligado às artes, desde a pintura à música e à representação. As cerimónias fúnebres realizam-se hoje na Capela Mortuária da Igreja Matriz da Póvoa de Varzim a partir das 17h30. O Funeral terá lugar quarta-feira ás 15h30 na Igreja Matriz, seguindo depois para o cemitério nº1 da Póvoa de Varzim.

Dulcídio Marques nasceu na Póvoa de Varzim em 1932 no seio de uma família poveira – os Rio d’Ave – com fortes tradições culturais e profundamente cristã.

Na sua história de vida e com apenas quinze anos, e a convite do professor Alberto Marta, integra o Coral da Póvoa ligado à igreja Matriz. Mais tarde, a 19 de março de 1952, fundou o coro da Capela Marta, dirigido por Antoninho Marta, confirmando as suas capacidades como cantor, frequentemente solista, um gosto que se inicia aos doze anos quando cantou pela primeira vez no salão de teatro do Casino.

Integrou, ainda, o Orfeão da Póvoa de Varzim, e já no Porto, o coral Convivium Cantorum da Capela das Almas, e o Círculo Portuense de Ópera tendo participado nas óperas Carmen, La Traviata, Madame Butterfly e na cantata Carmina Burana, sendo figuras marcantes do seu percurso os maestros Manuel Ivo Cruz e Resende Dias. Mais tarde, grava músicas a solo, cantando a Póvoa de Varzim, através da edição de CD’s. Como sempre refere, ‘foi a dar voz às canções que dei sentido à vida’. Levou a sua voz a países como França, Reino Unido, Itália, Brasil e Canadá. No Euro 2004 deu voz à música de incentivo e homenagem à seleção nacional de futebol.

Participação no Filme Ala-Arriba e na Opereta Maria

Participou como figurante nas filmagens do filme Ala-Arriba! (1942), de Leitão de Barros, e como ator na opereta Os Poveiros, de José de Sá e partitura de Alberto Gomes. Mais tarde na Opereta Maria, também de José de Sá e música de Domingos Gomes de Pinho desempenhou o papel de ator, encenador e diretor artístico.

Já no Porto, onde morava, encena, organiza e dirige espetáculos de música, dança e representação, apresentando-as ao público em diferentes contextos, na associação com instituições e grupos, nomeadamente com Pedro Homem de Mello. Participa em cortejos etnográficos e organiza espetáculos e saraus no Clube Fenianos Portuense, Associação Católica do Porto e Ateneu Comercial do Porto, além dos quadros vivos do Rosário no encerramento do mês de maio, mês de Maria e as celebrações de Natal, com a encenação das meditações do “Nascimento do Senhor” e o presépio vivo. Os romeiros da Senhora da Lapa são também da sua autoria.

Rádio, televisão e artes plásticas

Na rádio, integrou a equipa de “A Voz dos Ridículos”, programa dominical de grande sucesso nos anos oitenta. Foi também convidado a participar em inúmeros programas de televisão e da rádio, na RDP Antena 1, Rádio Renascença e Rádio Comercial, como também participou e colaborou nas extintas rádios piratas da Póvoa de Varzim.

Foi também nas artes plásticas que se notabilizou, sendo de sua autoria muitos dos pergaminhos que a Câmara da Póvoa de Varzim ofereceu aos homenageados no Dia da Cidade a 16 de junho. Dulcídio Marques deixa um enorme legado nas artes e cultura poveira.

À família enlutada, o MAIS/Semanário endereça os sentidos pêsames.