Queima do Judas de Vila do Conde evidencia impacto do colonialismo

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Queima do Judas 2022. Foto: Margarida Ribeiro

A 18ª edição da Queima do Judas de Vila do Conde, já uma marca cultural da cidade, está a aproximar-se. Na noite do Sábado de Aleluia, 8 de abril, culmina um conjunto de atividades multidisciplinares, que fundem o teatro de rua, circo contemporâneo, dança, música, vídeo, fotografia e literatura.

O colonialismo português é o tema em destaque nesta edição da Queima do Judas. A Nuvem Voadora lembra que, “durante o período colonial, Portugal impôs a sua cultura, língua e religião aos povos africanos, além de explorar recursos naturais e impor trabalho forçado”. O resultado foi uma “série de traumas, incluindo a perda de identidade cultural, de violência e de exploração”.

Outra das consequências do colonialismo foi a subjugação de povos africanos “a políticas discriminatórias e segregadoras que reforçavam a ideia de inferioridade em relação aos colonizadores. Isso deixou um legado duradouro de desigualdade social e económica, que continua a afetar estes países até hoje”, realça a organização.

A própria Agustina Bessa-Luís, homenageada desta edição, retratou em algumas das suas obras estas consequências e desigualdades sociais, mostrando “como as relações sociais são afetadas pela hierarquia e pelo poder e como as pessoas são impedidas de alcançar a liberdade e a felicidade. Além disso, a autora também questiona a justificação moral e cultural que muitas vezes é usada para fundamentar o colonialismo”.

O programa do evento aponta o início do espetáculo para as 22h30, na Praça da República, com direção artística de Pedro Correia. À meia-noite de sábado, será lido o testamento, seguido da Queima do Judas, no Largo da Alfândega.

Este texto faz parte de um artigo publicado esta semana no jornal MAIS/Semanário, que pode ler na íntegra na edição papel ou na edição digital (PDF).