JOSÉ ANDRADE
Este é o tempo de Natal. Quadra dedicada à Família, à Fraternidade, tempo de Paz, dizem.
Da Família, sabemos como cada vez mais anda arredada como Valor. Fraternidade, parece que virou conceito impraticável, quando não delito. E Paz…
Como o mundo não se confina a este nosso recanto entre o Douro e o Cávado, tão pouco ao quintal lusitano, Natal será tempo de Paz, com a dura evidência do mundo que nos rodeia, a lembrar o oposto, em dolorosa e crua realidade. Acreditar que este será o tempo dos Homens de Boa Vontade, como proclamam algumas almas – existem sempre boas almas na vida, daí a Bem-aventurança cristã – é fazer profissão de Fé, que tem pouco de divino. As imagens que nos entram à hora das refeições pela porta dentro, por si só, testemunham a impensável barbárie que vivemos, creditando a Esperança da Boa Vontade dos Homens no domínio das alucinações.
Disfarçados sob o manto diáfano de indistintos véus, uns tantos, tentam-nos convencer que as mais de três dezenas de guerras que animam o quotidiano da actualidade de tantos povos, regiões e países, são só ‘problemas’ com tiques de aspectos religiosos, desrespeito de usos e costumes, questões de segurança, ou rebelde ‘grito’ de liberdade. Rodeados de medidas de segurança, guarda-costas e muita policia, os decisores, que pouco de jeito decidem, remetem as matanças, atrocidades, perseguições e maldades que tais, a actos menores e localizados de disputas de uns tantos homens com outros homens. Tão boas almas, como os ingénuos da Bem-aventurança, escondem como e quem cria e alimenta a guerra. Não olham a meios, nem a modos, na defesa dos interesses obscuros que os movem, suportam e alimentam. Ao problema das hordas de refugiados, discutem como caso de policia, e a mais um ‘plano a ser proximamente discutido’. E o tempo passa, vai passando, os ataques terroristas aconteceram, vão acontecendo. Entretanto como na fábula de ‘caçar porcos na floresta’, em nome da segurança pública, vão avançando com ‘medidas’ que reduzem as liberdades individuais, enquanto colam a Europa sem fronteiras com cuspo. Evitam, aceitamos que por cobardia, as almas bondosas, falar do tempo de guerra que plantamos e vivemos. Se aos problemas políticos respondem com mentalidades burocratas, aos problemas de segurança, respondem com demonstração de parada militar. Podem acalmar os velhos e os temerosos. Não convencem a juventude, que deslumbrada com os exemplos com que são brindados, até não se importam de fazer uma incursão como ‘guerreiros de Deus’.
É incontornável que vivemos um tempo de guerra.
E só quem viveu o Natal, longe, em tempo de guerra, saberá dar valor à Paz… em paz, consigo e com os outros.
Como todo o Homem é meu Irmão. Feliz Natal… um Bom Novo Ano de 2016!