Rei morto, Rei posto

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Está escrito nas “sagradas escrituras” da história de Portugal, que em tempos que já lá vão, depois da capital da Nação ter sofrido uma catástrofe que tanto a marcou, um monarca-mor, senhor do seu poderio, não esteve com meias medidas: soltou uma frase que ainda hoje serve de mote para substituir a velha doutrina popular “para grandes, grandes remédios”. Para esse Marquês o que mais interessava era “enterrar os mortos e cuidar dos vivos”. O resto viria de acrescento. A ideia era olhar para o futuro com otimismo, confiança e força de vontade, e não só carpir mágoas. E deve estar satisfeito pela lição dada aos portugueses, ao contemplar, lá do alto da sua estátua que serve como visionário de uma cidade que tanto cresceu, tornando-se como alvo de festas populares, para todos os gostos, e principalmente quando os futebóis têm lugar de destaque.

Pois salvo as devidas proporções, dentro do Varzim parece que essa lição também está a ser cumprida. Depois do fracasso da equipa na época que agora termina, há que cuidar dos vivos e enterrar os mortos (salvo seja…) Para a frente é o caminho. E não há nada melhor do que… começar a tempo e horas na estrutura do novo plantel. Sabe-se que estiveram recentemente reunidos os presidentes dos três órgãos diretivos do Clube: Edgar Pinho (Direção), Moura Gonçalves (Assembleia Geral) e Pedro Casanova (Conselho Fiscal), eleitos em maio do ano passado para gerir os destinos varzinistas nas três épocas desportivas entre 2022/23 e 2024/25.

A ordem de trabalhos para essa reunião dos altos comandos servia, essencialmente, para analisar o momento atual do Varzim e perspetivar o futuro. Não só em termos desportivos como na estrutura governamental, onde a criação de uma SAD e a remodelação dos Estatutos podem vir a ser temas para uma próxima reunião de alto nível, de princípio marcada para o mês de junho. Para agora o que mais interessa é fazer uma “barrela” a tudo quanto se considera ter contribuído para a desilusão da família varzinista. Os primeiros passos foram dados com uma mexida profunda no plantel, segundo foi divulgado. De um lote com cerca de três dezenas de jogadores, para já estão seguros 13.

Há dúvidas quanto a algumas continuidades, e só depois da “limpeza” é que os responsáveis diretivos e técnicos meteram (já) mãos à obra com o estudo na escolha de caras novas. É essa missão que está em andamento, embora ainda esteja tudo no segredo dos deuses, como se compreende. Espera-se a todo o momento que alguma coisa de novidade possa surgir. O que leva o seu tempo.

Ao ver-se quem foi o “anjo anunciador” ao divulgar o que se passou na reunião magna do dia 17 de maio, trouxe-nos à memória a carreira de Varzinista do Dr. António Moura Gonçalves. Entrou no departamento médico do clube em 1979, prevalecendo como diretor clínico até 2009, portanto uma trintena de anos durante os quais este cidadão portuense se evidenciou como amigo e servidor da causa varzinista. O seu trabalho já foi reconhecido quando em 1992 lhe atribuíram o Trofeu Lobos do Mar. Apesar de exercer cargos de grande relevo na sua especialidade de ortopedista nos Hospitais da Luz e de São João, no Porto, nunca negou o seu contributo ao Varzim, aumentado recentemente ao aceitar o convite de presidir a Assembleia Geral do seu clube de eleição.

O Varzim necessita de homens destes, que possam estar na primeira fila. Sem necessidade de se colocar em bicos de pés para dar nas vistas. Antes pelo contrário. E o Dr. Moura Gonçalves, com o seu espírito empreendedor (e sempre de ar sorridente), mostra à evidência o quanto tem trabalhado em prol dos interesses varzinistas. Portanto uma figura de grande prestígio e relevo que o clube deve ter orgulho em possuir no seu seio, com a esperança de que todos os seus predicados sirvam de lição para os vindouros e para a sempre desejada grandeza do clube mais representativo da Póvoa de Varzim.

“Opinião Luís Leal – ‘O Meu Cantinho’.”