Os restos mortais de Eça de Queiroz, escritor natural da Póvoa de Varzim, vão ser trasladados para o Panteão Nacional brevemente, anunciou na quarta-feira o presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa avançou a informação durante um discurso no Centro de Congressos de Lisboa, após a posse dos novos órgãos sociais da Confederação Empresarial de Portugal (CIP).
Falando sobre os chamados “vencidos da vida”, o grupo de intelectuais portugueses do fim do século XIX, a propósito de uma passagem do discurso de Armindo Monteiro, o novo presidente da CIP, o chefe de Estado adiantou que “vamos homenagear, aliás, brevemente na trasladação para o Panteão Nacional dos restos de Eça de Queiroz”.
Lembre-se que a proposta de traslação dos restos mortais de José Maria Eça de Queiroz para o Panteão Nacional, apresentada pelo PS, foi aprovada por unanimidade em Assembleia da República em janeiro de 2021. A trasladação seria feita “em reconhecimento e homenagem pela obra literária ímpar e determinante na história da literatura portuguesa”, indicava o projeto de resolução.
A mesma resolução decidiu “constituir um grupo de trabalho composto por representantes de cada grupo parlamentar com a incumbência de determinar a data e de definir e orientar o programa de trasladação, em articulação com as demais entidades públicas envolvidas, bem como um representante da Fundação Eça de Queiroz”.
Esta proposta surgiu em resposta a um repto da Fundação Eça de Queiroz, que sublinhou que as honras de Panteão Nacional são destinadas, nos termos da lei, a “homenagear e a perpetuar a memória dos cidadãos portugueses que se distinguiram por serviços prestados ao país, no exercício de altos cargos públicos, altos serviços militares, na expansão da cultura portuguesa, na criação literária, científica e artística ou na defesa dos valores da civilização, em prol da dignificação da pessoa humana e da causa da liberdade”.
José Maria Eça de Queiroz, nascido na Póvoa de Varzim em 1845, foi o autor de vários contos e romances que marcaram a literatura portuguesa, como ‘Os Maias’, considerado por críticos e investigadores literários como o melhor romance realista português do século XIX, ‘O primo Basílio’, ‘A cidade e as serras’ ou ‘O crime do padre Amaro’.
Faleceu em 16 de agosto de 1900, tendo sido sepultado em Lisboa. No entanto, os seus restos mortais repousam no jazigo de família, no cemitério de Santa Cruz do Douro, em Baião, após terem sido trasladados em setembro de 1989.