Depois de muita controvérsia, realizaram-se as diretas no PSD. Foram uma espécie de primárias para as legislativas ao colocar os militantes perante a escolha de quem estará em melhores condições para ser primeiro- ministro e também para criar boas e exequíveis condições para a governabilidade do País.
Concorreram Rui Rio e Paulo Rangel, dois bons candidatos, com provas dadas e de perfil muito diferente. O eurodeputado tem experiência política, nacional e europeia, é competente, tem um pensamento político e económico sólido, muito trabalhador, bom orador, defensor de uma oposição permanente, sistemática, acutilante e que após as legislativas, em quaisquer circunstâncias, nunca faria acordos com o partido socialista. Defendia que o PSD deveria encontrar votos do centro para a direita moderada.
Rui Rio é um político de há muitos anos, pragmático, que tem uma forma de estar e fazer política que o PSD não estava habituado, com elevado sentido e espírito de missão, imbuído de alta responsabilidade, centrado em causas e como presidente do partido foi interativo com posicionamentos e propostas, quando necessário; é competente, lúcido, bem preparado, com ideias bem arrumadas, transparente, rigoroso, íntegro, com a corrupção sempre na “mira” e com grande visão estratégica para as próximas legislativas, como considerar que é ao centro que o PSD cresce, na medida em que levará alguns abstencionistas sociais-democratas e outros que têm votado PS a voltar à “casa mãe”; com ele a governabilidade sustentada do país estará sempre assegurada, quer ganhe ou perca as legislativas, tendo subjacente os superiores interesses do país. Rangel partiu para as diretas com forte apoio do aparelho, com muitos líderes de distritais e de secções concelhias a que se juntaram muitos presidentes de câmara; também com o apoio de muitos antigos dirigentes, que ajudaram a afundar o partido, que com branqueamento, tentavam recuperar algum estatuto perdido, privilégios, alguns inconfessáveis, chegando a criar-se uma “onda”.
Rangel é vítima da “imagem” desses – agora há quem diga, que não votou nele, com justificações e mais justificações !… – que o atiraram para a frente de batalha. Aliás, são bem conhecidos dos militantes de base, esses mesmos, que foram decisivos na vitória de Rui Rio. E, consideraram como melhor solução a reeleição do líder. Indubitavelmente é o que tem melhores condições, melhores propostas, melhor estratégia e dá a confiança necessária para o PSD recuperar credibilidade, o seu eleitorado, entrar no bom caminho e regressar aos seus princípios e valores: humanista, interclassista e reformador. Também, o que estará em melhores condições para o grande desafio de ganhar o país, as legislativas.
Com uma campanha bem pensada e bem executada, ao contrário da campanha errada de Rangel, Rui Rio foi reeleito presidente do PSD numas eleições muito participadas e surge com legitimidade reforçada, maior ânimo e ganhos no país. Igualmente venceu na Póvoa e em Vila do Conde. Irá tentar fazer a unidade e a coesão do partido – sempre em enormes contradições, turbulência e tensão – o que não será fácil. Aliás, numa manifestação de pseudoforça, evidente desafio e teste venenoso de afrontamento e, o termo é esse, sabendo-se que nem todos serão integráveis nas listas de deputados, face a critérios definidos, são alguns desses que estiveram contra a sua estratégia, que foram inicialmente propostos, por secções e distritais em lugares elegíveis.
Em contraponto, indefetíveis de Rio foram preteridos!… E é indubitável, que o Grupo Parlamentar, independentemente de competente – sem “raposas” … – terá que ser fiel, unido, estável e alinhado com a estratégia do líder, pois é ele que será julgado em 30 de janeiro. A confusão acabada com a feitura e aprovação das listas, que serão entregues ainda antes do Congresso, fará com que a polémica no Conclave baixe… Enquanto o grupo de contravapor de Lisboa “sediado” em Cascais não desaparecer, a instabilidade irá continuar. Só se calarão quando o presidente for um deles. E, será desta vez que alguma comunicação social e alguns comentadores ignorantes, “traumatizados” e frouxos mudam de onda e o vão largar?