Já começou a longa maratona do Varzim na tentativa (mais uma vez) de atingir um regresso ao futebol profissional. E teve um início prometedor na arrancada. Até à 4.ª jornada da Liga 3 é a única equipa da série A (norte) que não conheceu o travor amargo da derrota. Para já só perdeu dois pontos com o empate sem golos em Fafe, na 3.ª jornada, já que nos outros quatro jogos foi só somar triunfos, primeiro pela diferença mínima que tanta apreensão causou aos varzinistas, mas os 3-0 caseiros sobre o Lourosa, na 4.ª jornada, desanuviaram a situação para gáudio da resposta dada pelos poveiros ao castigo imposto pelo Conselho de Disciplina da FPF a exigir porta fechada aos adeptos, porque foi considerado crime o facto do treinador Tiago Margarido, que na época anterior estivera ao serviço do Varzim, vindo do Canelas, até o “safar” da descida de divisão, pelos vistos não reunir condições oficiais para desempenhar as funções de técnico principal. Curiosamente quando acabou o contrato com o clube poveiro, já pôde exercer a sua profissão no Nacional, equipa madeirense da II Liga, talvez porque agora já tenha obtido o “canudo” oficial. Mas isso é lá com os entendidos. Por cá, nesta Póvoa de Varzim, o que mais custou tragar foram as questões regulamentares que por vezes causam umas certas dores de cabeça a quem as estuda. Mas quem manda pode, o Varzim foi castigado em mais de dois mil euros, e viu a sua equipa da 3.ª Liga Nacional jogar “para as moscas”, sem público, nas bancadas, naquele fim de tarde e princípio de noite na penúltima sexta-feira de um mês de agosto dos mais tórridos das últimas décadas.
Lance do primeiro golo do Varzim marcado por Gonçalo
Mas a “vingança” dos varzinistas foi em grande. Os seus adeptos não puderam ver “ao vivo” o jogo, mas arranjaram uma forma de estar ao lado da equipa, postando-se paredes-meias ao Estádio, no velho e praticamente demolido campo de treinos, com mais de duas centenas de vozes a entoar cânticos alusivos ao clube e à própria terra que o alberga. Sem exageros no apoio, não ferindo a barreira da disciplina – facto que devia perdurar para sempre, seja em que “palco” for. Pode até considerar-se que foi uma “vingança” envolvida de luva branca, dado que o Varzim somou a sua terceira vitória e pela primeira vez nesta prova, com uma goleada por 3-0 sobre um dos seus mais duros perseguidores na luta pelos quatro primeiros lugares da série que servem como “rampa de lançamento” para uma segunda fase decisiva (juntamente com os quatro melhores classificados do sul) que dá direito a discutir a subida à II Liga e entrar no reino do profissionalismo.
Ricardo defende penálty
O jogo que se segue está agendado para o princípio da noite do próximo domingo, dia 3 (já depois de terminado o mês de verão por excelência), na vizinha Trofa, tendo como opositor o Trofense, clube também com ambições de regressar às provas profissionais. Sejam quais forem os resultados da 5.ª jornada, o Varzim vai manter-se no lote dos “4 maiores”, o que é bastante animador. Segue-se uma paragem no dia 10 de setembro, para dar lugar à primeira eliminatória da Taça de Portugal, com uma deslocação à minhota vila antiga (e teimosa no seu estatuto) de Ponte de Lima, para defrontar o Limianos, do Campeonato de Portugal. Se o triunfo alegrar o semblante dos varzinistas, reserva-lhes uma tarefa difícil na 2.ª eliminatória de 24 de setembro, na deslocação ou a Fafe ou a Felgueiras, à casa do clube que vencer o jogo anterior a disputar-se na “terra da justiça popular”. Entretanto, regressa a 3.ª Liga no dia 16 (sábado), com uma deslocação ao sempre complicativo recinto do gaiense Canelas, onde “mora” um clube que tem dado muitas histórias para contar.
Varzim lidera série da Liga 3
Feitas as contas, para já pode dizer-se que o Varzim teve boas entradas na terceira competição desta época. A Família Varzinista deve ter nesta altura um sonho que quer transformar-se em realidade, em princípios de junho do próximo ano, com o fecho do Campeonato, que é o tão desejado regresso aos campeonatos profissionais. Até lá… sofre coração, com o desejo de que as saídas sejam tão felizes como foram as entradas.
Opinião Luís Leal – ‘O Meu Cantinho’. Foto Varzim SC