Temos o Natal à porta – Opinião de Luís Leal

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Composition with Christmas decorations in the interior. On a wooden background with lights . The concept of winter holidays and home comfort .

Truz… truz… – batem suavemente. Quem é? – perguntam do lado de dentro. Resposta: É o Natal que está à porta, respondem. Qual deles? nova pergunta. A porta abre-se e o Natal entra sem cerimónias. Envolvido de duas faces totalmente distintas: uma do Natal antigo, tradicional; outra da atualidade.

E então foi recordado o que era o Natal tradicional, onde o Menino Jesus era a “vedeta da companhia”. O Natal que era aguardado com um misto de alegria e curiosidade pelas novidades dele esperadas. O Natal que era gáudio das crianças e adultos. O Natal das prendinhas, das guloseimas, principalmente caseiras, “fabricadas” por mãos habilidosas, quantas vezes herdadas de pais para netos. Com amor e carinho, de mistura com esforço físico e… monetário. O Natal, principalmente da pequenada que aguardava com ansiedade por ele, não só para receber prendas quantas vezes insignificantes, mas bastante significativas. O Natal que tinha um gosto especial, nem que fosse para dar o beijo de amor que envolvia uma simples imagem do Menino Jesus, principalmente na Missa do Galo. O Natal dos tempos que já lá vão, onde a pobreza quantas vez se transformava em alegria nos lares de todas as camadas sociais.

A par desse Natal, vinha o Natal moderno, o Natal do consumismo, o Natal dos exploradores nos bem essenciais, e quantas vezes excessivos causados pela oferta metida pelos olhos dentro. Se antigamente a procura de artigos era disputada com um frenesim especial, agora a facilidade na aquisição torna-se mais fácil, mas mais dispendiosa.

Percorrem-se os cantos e recantos das grandes superfícies comerciais, e nota-se a realidade atual, onde a exploração dá as mãos ao consumismo. Ainda esta semana que antecede o Natal, quase que nem era movível “dar um passo”. Gente por todos os lados, com as caixas de pagamento a abarrotarem de afluência, enquanto os utentes iam carregando as “compras de Natal” com despesa e cansaço neste tempo considerado de crise. É a imagem de marca do atual Natal, em que o “autor do dia”, o Menino Jesus, se torna esquecido (mas aproveitado para ser criado um Feriado Nacional), sendo substituído por um Pai Natal, de barba branca e enorme, importado de uma desconhecida Lapónia que serve como ponto fulcral para a exploração do grande capital, fruto dessa invenção.

Mas, é o Natal que temos para festejar. E que quer fazer esquecer as suas verdadeiras origens que são cristãs, mas que se alastram por outros horizontes. Diz-se, com ponta de verdade, que o Natal é quando o homem quiser. Mas nem sempre essa lição é cumprida mais ou menos à risca. Um poeta anónimo era de opinião: Natal no Céu as estrelas / Parecem basas acesas / Na terra acendem-se as luzes / E põe-se os doces na mesa /Fecham-se as portas da rua / E no conchego do lar / As famílias reunidas / São luzes do mesmo altar. Que lindos e bem significativos versos. Mas na realidade não retratam fielmente os tempos que correm, onde as desavenças são de guerra e falta de paz, por esse mundo fora, com o material bélico a agravar em grande escala.

Vamos lá tentar suavizar este estado de coisas puxando o mal para fora da sociedade. Era bom se todos quisessem!… Mas os povos não estão para aí virados.

Cá, pelos nossos lados, onde as tradições natalícias não têm sido tão beliscadas como os maus exemplos que infelizmente saltam em catadupas, vamos tentar que o Natal seja harmonioso, de verdadeira amizade a envolvê-lo todos os dias. Que seja um Natal na verdadeira aceção do seu significado. Por nossa parte cá fica o desejo ardente: Boas Festas e… Feliz Natal para todos quantos nos acompanham, neste cantinho da Informação poveira. Com o desejo de que haja de arrasto um Ano Novo envolvido da bela lição de amor e respeito pelo próximo. Se fosse possível, um “Natal à Poveira”, pelo menos com uma ponta de belas tradições. Boas Festas, amigos.