Vítor Paneira e o jogo à porta fechada: “há em Portugal futebol rico e o futebol pobre”

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O Varzim-Lourosa da 4ª jornada da Liga 3, que terá lugar esta sexta-feira às 20h45, no estádio do clube poveiro, será disputado sem público, por castigo federativo. Na antevisão ao jogo, o treinador Vítor Paneira lamenta a decisão e sublinha o facto que deu origem à punição não ser visto de forma idêntica para com outras situações. “Em Portugal há 2 futebóis, o rico e o pobre”. Sobre o desafio frente ao Louros, o espírito é ganhar os três pontos e continuar na frente do campeonato. Leia o que disse o responsável técnico na conferência de imprensa de antevisão o encontro de amanhã.

Amanhã o Varzim joga em casa à porta fechada e por isso vai ser um jogo diferente? É claro que é sempre diferente. Esta é uma decisão inédita e este é um contexto novo para nós, com um jogo à porta fechada. Assumimos que vamos cumprir como é a nossa obrigação. Tiraram o público, mas temos a certeza absoluta de que temos o público da parte de fora. Os adeptos do Varzim são o coração deste clube. Esta massa é espetacular e todos nós sabemos que o coração deles é que faz andar este clube e a sua existência que vai se prolongar por muitos e muitos anos.

Teve alguma conversa especial com os jogadores sobre o assunto? Eu não quis aprofundar muito a decisão. O que sei é que o que o Margarido tinha acabado o curso, o terceiro nível e não tinha recebido o diploma, como eu também não recebi o diploma. Recebi o diploma há 2 semanas. Há 8 anos que a Federação não me tinha entregado o diploma. Eu joguei e fui treinador na Primeira Liga sem diploma, mas com o quarto nível feito e só me deram agora, porque não queriam aceitar a minha inscrição sem o diploma. São situações que no futebol existem, continuam a existir e vão existir neste campeonato. Na primeira jornada existiu exatamente a mesma coisa num jogo da Liga 3 do nosso grupo. Não vi ainda ninguém se manifestar sobre isso, mas também são situações que me ultrapassam. Tenho é que me focar no jogo, os jogadores estão conscientes e estão preparados para jogar sem público e temos que jogar contra uma equipa boa que tem os mesmos objetivos que nós. Está no primeiro lugar a par connosco e vai ser um excelente jogo. Jogamos em casa, mandamos em casa, portanto vamos querer fazer disso também a nossa fortaleza e sabemos que somos muito fortes em casa.

Depois da igualdade em Fafe, esta foi uma semana em que deve ter falado com os jogadores que se não se rematar à baliza não se marcam golos… Em Fafe, criamos situações na parte final do jogo e mesmo na primeira parte. Tivemos todas as condições e deveríamos ter trazido os 3 pontos. Criamos situações para ganhar o jogo. Mantemos a regra dos 2 pontos por jogo, e, portanto, com mais um ponto de quem quer ficar nos primeiros lugares. Faz parte do caminho, foi um jogo menos conseguido. Vamos ter jogos menos conseguidos e isso faz parte do futebol, mas devíamos ter ganho esse jogo. Já limpamos a cabeça, preparámos o jogo com Lourosa desde segunda-feira, logo não tivemos tempo para estar a nos alimentar do jogo frente ao Fafe. Seguimos em frente, estamos em primeiro, vamos jogar contra uma equipa que tem os mesmos objetivos. Sabemos da qualidade e respeitamos o Lourosa. Não temos medo de nenhum adversário, respeitamos todos, mas nós mandamos e casa.

O facto de cumprir o jogo à porta fechada ainda nesta fase precoce da época foi um risco calculado, até porque caso houvesse recurso e não aceite, o castigo poderia eventualmente ser cumprido numa fase mais adiantada da temporada e numa altura mais decisiva? Não, o castigo saiu agora. Sabemos que temos 2 futebóis. Muito sinceramente, vou dizer aquilo que penso. Temos um futebol rico e um futebol pobre. No fundo, com toda com toda franqueza, quase todos os clubes estão falidos. Queremos puxar público, mas tira-se o público. Recorrer deste decisão custaria 11 mil euros e o Varzim não nada em dinheiro e aceitamos a decisão e vamos levar para frente. Temos pena de não ter o nosso 12º jogador, mas sabemos a força que tem a massa associativa e nós percebemos isso. O jogo com o Braga B foi a quinta melhora assistência da primeira jornada, incluindo as 3 ligas. Fomos a Viana e levamos 800 adeptos. Fomos a Fafe e levamos 800 adeptos. Amanhã, seguramente teríamos 5000 adeptos. Sabemos que os nossos adeptos vão estar connosco e vamos ganhar, trabalhar e dar tudo, e sairmos em primeiro lugar amanhã.

Em relação ao Lourosa, certamente já conhece o adversário? É uma equipa forte, com muita qualidade. Essencialmente é uma equipe que gosta de se sentir confortável na transição, com 2 jogadores rapidíssimos. Uma equipa forte na bola parada. Estamos preparados para isso. O jogo traz surpresas e nós teremos de estar preparados para elas. Não vai ser um jogo fácil para eles, não será para nós também.

O facto de o jogo ser à porta fechada é uma situação inédita para si? Eu nunca joguei sem público na minha carreira e já tenho uma carreira longuíssima. Nós cumprimos com a nossa obrigação, temos que dar uma resposta dentro do campo e os nossos adeptos do lado de fora do campo de certeza absoluta também. Foto Varzim SC.