No artigo deste mês vou-me debruçar, um pouco, sobre as expressões usadas nos registos de óbitos de Argivai, ao longo dos tempos.
É percetível a dificuldade em decifrar as causas de morte, por falta ou nenhuma informação presente. Nestes documentos em particular é, no entanto, possível verificar que há uma ligeira evolução dos termos ou expressões como quis aqui chamar para se referir à pessoa, que parte na sua última viagem.
Assim, logo em 1580 podemos ler: se falleceo sendo expressão recorrente até 1633. Deste ano em diante, cai um “l” e passa a ler-se: se faleceo, mantendo-se até 1693 em que aparecem algumas variações da mesma expressão como: faleceo, se faleceo ou faleçeo.
A expressão faleceo continua a ser usada até 1767 sendo que, entre 1742 e a data antes descrita, surgem com regularidade informações relativas aos sacramentos dados pela Santa Madre Igreja, como exemplo, o da extrema-unção.
Em 1755 passa a usar-se uma outra expressão: faleceo da vida prezente. Esta expressão torna-se recorrente sendo uma, ou outra vez, entrecortada simplesmente por faleceu com todos os sacramentos.
É num registo de óbito de 1814 que aparece pela primeira vez, a expressão: morreo. Sendo que daí em diante, até 1889 e de forma praticamente regular continua a ler-se a expressão faleceu.
A partir daqui, surgem igualmente outros dados, como as horas em que se deu a morte e poucas vezes, a própria causa de morte. Entre os anos de 1849 a 1872 a informação ainda que escassa é maior do que em séculos passados, facto absolutamente compreensível.
Surgem mais de uma dezena de casos em que se adianta o facto de os defuntos terem só recebido a extrema-unção por já se encontrarem alienados da realidade ou o uso de expressões como: amanheceu morta e foi tomada por maleita.
É sempre bom lembrar que os Registos Paroquiais são dos documentos mais interessantes para se obter diversa informação de relevo. Os mesmos contribuem para a construção de árvores genealógicas, para confirmar legitimidade dos filhos, para saber a idade dos falecidos, a hora da morte, a naturalidade, os sacramentos obtidos, os padres presentes, os nomes dos padres da época, a religiosidade, a qual, também pode ser medida pelas ofertas à igreja e muitos mais aspetos a considerar.
Mas como tudo na vida, uma coisa de cada vez.
Sofia de Azevedo Teixeira