A 42ª edição do Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim teve início na noite de quarta-feira no Cine-Teatro Garrett. Através da conferência «Amália Rodrigues: O Fado no Mundo e o Mundo no Fado», o musicólogo Rui Vieira Nery abordou a vida e obra da artista que completaria este ano um século de vida.
Nas raízes musicais de Amália está “uma espécie de tecido de memórias do que a família ouve (cantigas da Beira-Baixa) e dos filmes argentinos e musicais espanhóis que gostava de ver. Tudo isto se vai cozinhando numa personalidade artística muito especial”, explicou.
“Toda a vida dela foi construída em torno da subida ao palco. Tudo o mais foi secundarizado”. Aquando da sua morte em 1999, meio milhão de pessoas saíram à rua para acompanhar o corpo. O carinho popular gerado à volta do nome de Amália foi, de resto, decisivo para o consenso na candidatura do Fado a Património Mundial, em 2011, pois a artista era o “ícone absoluto deste género”, acrescentou, rematando: “A identidade musical portuguesa é muito mais do que o fado, mas não seria a mesma sem o fado”.
Luís Diamantino, vice-presidente da Câmara da Póvoa e vereador da Cultura, entregou a Rui Vieira Nery uma lembrança como agradecimento por “ter trazido até à nossa cidade o mundo do fado e a Amália. Além disso, porque trouxe também a esperança para a cultura para a nossa comunidade, transmitindo que é com grande felicidade que constata que a cultura não vai sucumbir e vamos dar mais valor ao que até então não dávamos”, disse.
Poveira Raquel Camarinha em concerto na Igreja Matriz
O Festival prossegue hoje, às 21h45, na Igreja Matriz, onde terá lugar o primeiro concerto com a estreia da orquestra de câmara barroca Divino Sospiro e do renomado contratenor Andreas Scholl. Juntamente com a soprano poveira Raquel Camarinha, vão interpretar Stabat Mater de Pergolesi, uma das obras mais celebradas do período Barroco, que relata de forma intensa o sofrimento de Maria perante a crucificação de Jesus.
Foto José Carlos Marques/CMPV