Agenda 2030: 17 Objetivos e 99 metas a cumprir.

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Foi em 2015, num ato de irreverência e motivada pela cooperação que, a ONU, definiu aqueles que são os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Aprendidas as lições e conscientes da necessidade de ir além dos 8 Objetivos do Milénio este foi um passo necessário e um verdadeiro alerta para que através de um esforço conjunto entre líderes e sociedade se alcançasse uma vida e um planeta mais sustentável.

Não surge aqui apenas a mera ideia de compromisso, mas antes a de um verdadeiro contrato para que se consiga mudar o rumo até então prosseguido. De forma ambiciosa, a ideia é a da sustentabilidade: pretende-se a satisfação das necessidades da nossa geração sem comprometer a capacidade da próxima para a satisfação das suas. Portanto, mais do que um apelo (urgente) ao desenvolvimento sustentável, é um apelo à ação conjunta e proativa, na busca de um equilíbrio entre os três pilares fundamentais – a proteção do ambiente, a estabilidade social e o desenvolvimento económico.

Estamos em 2020 e perante uma pandemia. E a pandemia veio dar ainda mais urgência a um futuro sustentável. Em março, ninguém adivinhava que o país e o mundo iriam parar. O trânsito era inexistente, os aviões não conheciam nada além dos aeroportos, as ruas estavam vazias e a atividade económica foi colocada em pausa. E, foi neste exato momento que a natureza se voltou a fazer sentir e, durante este momento complicado, surgiu em muitos uma maior consciência ambiental e uma nota de responsabilidade.

Mas agora, com a retoma da “normalidade” coloca-se a questão: será que vivemos apenas um intervalo ou é isto uma hipótese que vai permitir assegurar a sustentabilidade a longo prazo? A recuperação económica é fulcral e é acerca deste aspeto que soam os alarmes de que na verdade podemos não estar perante uma oportunidade, mas antes de um retrocesso: apesar de um otimismo inicial com o início da redução dos níveis de poluição, com menores níveis de consumo, com as facilidades inerentes ao teletrabalho, também aqui o coronavírus faz os seus estragos.

Associado ao controlo da pandemia, a produção e utilização de materiais descartáveis como luvas, máscaras e outros equipamentos de proteção individual começam agora a mostrar um impacto negativo no ambiente uma vez que estes resíduos começam a chegar indevidamente aos rios e mar muito por causa de uma fraca sensibilização da população para este aspeto. Estes materiais não podem ser retirados do dia-a-dia porque são, de facto, úteis e necessários, mas certamente podem ser reciclados ou colocados nos lugares devidos, assim como facilmente substituídos por outros materiais reutilizáveis nos casos em que a segurança esteja garantida. Urge então uma forte campanha de informação e incentivo à adoção de medidas para diminuir os resíduos relacionados com o combate à pandemia de uma forma segura.

No entanto, não deixo de considerar que as pessoas estão mais conscientes do que nunca, e não é momento para esquecer ou ignorar uma recuperação económica mais verde. Perante uma pandemia desta dimensão e com os seus efeitos, em que o impacto é direto na saúde, na economia, na educação e na sociedade enquanto um todo, os governos e líderes não podem deixar o ambiente de fora daquela que vai ser a recuperação “pós-covid”. Não podemos deixar que isto atrase as medidas fundamentais da sustentabilidade até porque estas metas são inadiáveis.

É necessária a transição, e talvez seja agora que se consiga assegurar um futuro que garanta a máxima qualidade de vida para todos e sem prazos. Temos uma facilidade para nos adaptar ao desconhecido. E, é talvez, aqui que esteja a nossa janela de oportunidade: através de uma aposta na educação não formal, na defesa e prossecução de uma vida segundo princípios sustentáveis, na preferência da qualidade e não da quantidade para que se consiga ter uma população comprometida com o ambiente e com a sua preservação. E isto importa porque se pensarmos bem, o problema ambiental é muito mais do que um problema ligado única e exclusivamente ao ambiente: é um problema económico, de saúde pública, social, algo indissociável do ser humano. Isto porque o ambiente é o meio de tudo e está intrinsecamente ligado a todas as atividades. Não descuremos então que o que aqui temos é o início de uma crise económica, um flagelo em termos de saúde pública que acontecem em paralelo com uma outra na qual se não se agir rapidamente pode ser a mais duradoura de todas: a crise ambiental.

Ariana Cruz