Nas viagens ao passado, podemos encontrar muitos novelos de tradiçõesque se desfiam,eque nos correm no sangue, desde tempos remotos. Inicio assim uma nova rubrica: Em busca de…Como todas as buscas ao passado são para mim, apaixonantes, poderei descobrir vários temas, conforme forem surgindo na minha linha de estudo,e de aprendizagem constante. Começo então esta rubrica com os dizeresque se aplicavam tanto na agricultura, como tambémaqueles associados a superstições.Assim, em Argivai, vários são os dizeres antigos que ainda são lembrados.
Nas casas de lavoura, no tempo da sementeira era costume dizer-se: “Deus te ponha a virtude que eu da minha parte fiz o que pude1.”
No tempo das cegadas em que o centeio e o trigo eram cortados à mão, era costume cantar-se:“Ó São João Batista/ A sua capelacheia, cheira a cravo, cheira a rosa, cheira a flor de laranjeira/ Que quereis ao São João?/ Quepor ele perguntais/ Procurai na falperra/ Acaminho de Guimarães2.”
Na tão importante tarefa de cozer o pão, dizia-se: “Deus te acrescente dentrodo forno e fora doforno, para que dês pão ao mundo todo!São Romão faça bom pão!3”Já paraamassar o pão:“Assim se amassa, assim se peneira, assim se dá a volta ao pão da masseira, esta cruz para te benzer que mais não posso fazer4.”
Os dizerestambém se aplicavam naturalmente ao medo do desconhecido. E curiosamente o Aqueduto que atravessa toda a freguesia de Argivai, era visto como uma barreira entre o bem e o mal, daí que fosse costume dizer-se:
“Não é grande bisca, foi vista atrás dos arcos/ou/Coitada nãolhe ponho a mão em cima, foi vista atrás dos arcos5.”
Haverá muito mais para encontrar? Talvez. No entanto, os antigos são poucos,e os que se lembram de dizeres, menos ainda. Cabe a cada um de nós, manter estas lembranças, perpetuando-as como memórias coletivas.
Sofia Teixeira
- Memória de D. Maria Balazeira.
- Memória de D. Maria Emília Peniche Moreira.
3.Memória Coletiva das gentes de Argivai. - Memória de D. Maria Oliveira.
- Memória Coletiva das gentes de Argivai.
