Seguindo pela cangostinha que há bem perto da Igreja Paroquial de São Miguel O Anjo – Argivai, é possível, ainda, ver o que resta da famosa fonte.
Por ser um sítio bastante isolado, não aconselho a que a visitem sozinhos, embora o percurso esteja bem cuidado. Porém, por alguma razão é uma cangosta.
A fonte de Argivai é conhecida como fonte celta, fonte velha ou fonte do Nosso Senhor dos Milagres.
Na casa do Igreja existia um rego de água, desde o campo do Dr. Ramiro, que passava no fundo do quintal, dando origem a um ribeiro. Esse ribeiro ia até à fonte do Nosso Senhor dos Milagres, perto da casa do Sr. Manuel Embana. *
Esta fonte, diziam os pescadores, tinha água sagrada, tal era a devoção a este santo, e acreditava-se que, se um pescador bebesse dessa água e morresse num naufrágio, o mar devolveria o corpo. Era considerada milagrosa, estando carregada de profundo simbolismo. Os que morriam no mar podiam ser velados e sepultados pela família, não desaparecendo nas profundezas do mar revolto.
Em tempos, terá sido muito utilizada pelas senhoras que lá iam lavar as roupas. Com as trouxas à cabeça, chegavam à fonte e, naquela água límpida e transparente, tratavam de um dos seus diversos afazeres.
Outros tempos!
Sendo Argivai terra muito antiga, muito mais do que milenar, e existindo um castro bem perto da fonte de que vos falo, é absolutamente compreensível que esta água já tenha vindo a ser utilizada desde tempos imemoriais.
Pode ser que, um dia, se relembre este passado, preservando a fonte como merece, e também o castro (ou o que resta dele) possa, um dia, ver a luz do dia, revelando mais sobre o nosso passado e sobre nós próprios.
Sofia Teixeira
[*] Memória de D. Maria Emília Peniche Moreira