Bairros da Póvoa preparam rusgas de S. Pedro para programa televisivo

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Os responsáveis pelas associações dos seis bairros da cidade da Póvoa de Varzim consideram que o S. Pedro deste ano, com duas transmissões televisivas gravadas e sem manifestações na rua, é a forma mais adequada de assinalar as festas sem causar retrocessos no combate à pandemia. A primeira filmagem será a 6 de junho no pavilhão municipal, e não terá público. De resto, não haverá festa no estádio do Varzim nem, já agora, os Dias no Parque

Sérgio Ferraz, Regufe
“O Regufe, em março, juntou os seis bairros para, em conjunto, definirmos um modelo alternativo ao São Pedro normal. A nossa ideia inicial era gravar a atuação das rusgas, cada um no seu espaço, e depois transmitir nas redes sociais no dia de S. Pedro. Apresentámos esta ideia à Câmara a 16 de março e a recetividade foi muito boa, de tal maneira que o presidente resolveu dar ainda uma ideia, juntar a televisão, o que veio engrandecer a divulgação das festas”. “Entretanto já arrancaram os ensaios e, até 6 de junho, dia da gravação no pavilhão municipal, haverá mais três testes à covid, envolvendo quase uma centena de pessoas no total. Na atuação em si, cada bairro terá uma hora específica, sendo que a performance não pode ultrapassar os 8 minutos. Na semana a seguir, o nosso compromisso é termos o trono pronto para, então, o Porto Canal fazer entrevistas às associações”. Sobre a rusga com metade dos elementos: “Houve algum desalento por parte dos que ficaram de fora, mas no Regufe o processo é pacífico e transparente: usamos o critério da antiguidade”

Pedro Casanova, Leões da Lapa


“Todos gostariam que houvesse oportunidade de ir mais longe nas festividades, mas temos a consciência da realidade que enfrentamos. Na altura que tratámos este assunto com a autarquia, em março, este modelo era claramente a única via possível. Entretanto, o desconfinamento até tem corrido de forma tranquila, mas, ainda assim, devemos manter algumas cautelas”. Comentando o segundo dia de gravação, explicou que “inicialmente estava previsto fazer isso logo no início de junho, mas não fazia muito sentido. Depois fazíamos o quê? Desmontá-lo e voltar a refazer no fim do mês? Quanto mais perto do final de junho for a gravação, melhor”. Nas redes sociais, e à semelhança do que se viu em 2020, a Lapa “também irá assinalar as festas do seu bairro. Por exemplo, a inauguração das iluminações será feita de forma virtual”. Os ensaios já arrancaram e cerca de 45 pessoas farão a despistagem ao novo coronavírus. “Escolher quem vai participar na rusga é sempre uma situação complicada, mas nada que uma conversa não resolva. Optou–se por levar à atuação os pares mais antigos”. É verdade que a pandemia parou a associação quase por completo, “mas estamos prontos para arrancar, em força e com toda a gente, assim que for possível. É certo que houve constrangimentos financeiros, pela falta de receita, mas tudo se irá resolver”.

Rui Baptista, Mariadeira
“Foi o modelo possível. Os bairros consideraram que dois anos sem fazer nada seria exagerado e demasiado penalizador. Esta foi a opção tomada, tendo em conta o momento que atravessamos, e a Câmara concordou. A Mariadeira terá também alguns apontamentos digitais dedicados a S. Pedro”. O dirigente associativo salientou o apoio logístico da autarquia, concretamente ao financiar e agilizar os testes à covid, que vão abranger, além dos 24 componentes da rusga, mais 8 elementos da tocata, 11 do coro e 3 diretores. Ensaios começaram a passada semana. “A prioridade, ao selecionar os 12 pares, vai para aqueles que dançaram nas últimas festas de S. Pedro, em 2019, e, além disso, também recorremos a sorteio”.

José Moita, Juvenorte
“É a melhor solução que se pode arranjar. Houve concordância entre os bairros e a Câmara, e serão as festas possíveis. Caso contrário não haveria mesmo nada e seria como o ano passado, uma vez que fazer algo na rua está completamente fora de hipótese. Não haverá sequer iluminações. Este modelo, com a transmissão televisiva, é uma forma de lembrar um pouco do nosso São Pedro. De resto, é um bocado em cima da hora pois há pouco tempo para ensaios. Serão testados à covid cerca de três dezenas de pessoas”. Quanto aos elementos da Rusga, “é um pouco custoso deixar alguém de fora, mas iremos escolher quem tiver maior disponibilidade para os ensaios e a atuação”.

António Giesteira, Belém


“Olhando a todas as condicionantes, será o S. Pedro mais adequado. Não era possível de outra forma, uma vez que não se pode fazer festa pelas ruas, com milhares de pessoas. É o modelo que melhor se ajusta ao contexto”. Além das filmagens com o Porto Canal, a associação lançará também momentos sobre o S. Pedro nas suas plataformas digitais, nomeadamente o Facebook.”Os ensaios preparatórios, tendo em vista a performance de oito minutos no pavilhão municipal, arrancaram já há mais de sete dias. Ao todo, para garantir a segurança sanitária, serão testados cerca de três dezenas de elementos”. A escolha dos componentes da rusga teve como primeiro critério a disponibilidade.

António Quilores, Matriz
“Este figurino de São Pedro surgiu por proposta dos bairros, que não viram outra hipótese senão esta. Claro que não agrada porque o poveiro gosta de festa na rua mas isto é o que se pode arranjar para já. No próximo ano esperemos ter um S. Pedro a dobrar e com festas ampliadas”. “As filmagens da rusga no pavilhão são, assim, uma forma de termos um cheirinho a S. Pedro. Iremos estrear uma marcha nova. Os testes à covid – a aproximadamente meia centena de pessoas – começaram na segunda-feira da semana passada, pelo que os ensaios arrancaram nos dias seguintes. Os componentes que completam a dúzia de pares foram escolhidos com base na antiguidade. Os restantes elementos compreenderam”. O trono será exibido, no segundo dia de filmagens, nas instalações da associação. Este dia será dedicado mais às tradições e gentes de cada bairro.

Festas apenas na televisão
Dois programas a serem transmitidos pelo Porto Canal vão marcar as Festas de S. Pedro deste ano na Póvoa de Varzim, anunciou Aires Pereira, presidente da Câmara, na segunda reunião do executivo do mês de abril. Um dos programas, a transmitir na noite de 28 de junho, a partir das 21 horas, vai contar com a presença das rusgas seniores dos seis bairros. Este programa será gravado no pavilhão municipal, dias antes, de forma a que cada rusga se apresente com 12 pares e em horários distintos. No local, a autarquia vai montar um cenário para o efeito. Haverá depois um segundo programa de cerca de uma hora, o qual irá incluir as tradições poveiras, também com a recolha de filmagens antecipadas. Os dois programas serão depois repetidos pelo Porto Canal em dias posteriores. Para Aires Pereira, “este foi o modelo encontrado para este momento que vivemos e também indicado pelas associações, as quais disseram à edilidade que dois anos sem assinalar a data seria muito tempo para depois recuperarem o tempo perdido”. Esta será a forma de festejar o S. Pedro “de modo a que se evitem ajuntamentos”, explicou o autarca. A participação dos elementos de cada rusga fica condicionada à realização antecipada de testes à covid-19, assegurou o autarca, custo que será suportado pela edilidade. Para além destes dois momentos televisivos, no dia 29 de junho, dia de S. Pedro, será realizada na igreja da Lapa a missa solene em honra do santo popular, não estando prevista a realização de qualquer outra atividade.