A Santa Casa da Misericórdia de Vila do Conde homenageou esta sexta-feira, de forma anónima, todos os beneméritos e benfeitores que, ao longo de mais de 500 anos, tornaram possíveis as atividades assistencial e de saúde da instituição. A cerimónia ficou marcada pela inauguração de um monumento em bronze com cinco metros de altura, localizado em frente ao edifício sede da instituição.
Conforme salientou o provedor Rui Maia, este foi um “dia marcante”, uma vez que “cada vez mais as misericórdias e as instituições de solidariedade social precisam destas pessoas que partilham o seu saber, o seu tempo e os seus bens em prol do próximo”.
Lembrou, ainda, que durante grande parte da história foi a ação dos particulares que permitiu ajudar os carenciados. Os protocolos entre o estado e as instituições são algo relativamente recente. “Durante mais de 400 anos eram as pessoas ajudavam na assistência social do país, e, portanto, se não fossem as almas caritativas, não haveria esse apoio. Mesmo hoje, isso continua a ser uma necessidade para qualquer IPSS, porque o estado não consegue cobrir tudo”.
É verdade que a pandemia tem dominado a agenda, mas, quando esta estiver controlada, outros problemas surgirão: “Infelizmente haverá sempre lugar para as instituições que prestam apoio social. Vão mudando os motivos mas essa necessidade mantém-se”, refletiu Rui Maia.
Escultura levou 13 anos a completar
Eduardo Bompastor, escultor e artista plástico, explicou que a escultura levou 13 anos a completar e é inspirada em toda a história de assistência social da comunidade.
Para o autor da peça, todos os beneméritos e benfeitores da Santa Casa “merecem a nossa confiança num futuro cada vez melhor”, agradeceu.
Destaque ainda para a presença do arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, que benzeu o monumento e presidiu a uma missa na Igreja Matriz.
Agradeceu a “generosidade” dos benfeitores e lembrou que o monumento deve ser um desafio aos irmãos da Santa Casa e a todos vila-condenses para que sintam um apelo para ajudar quem mais precisa. Como disse o religioso, devemos por vezes “esquecer-nos de nós próprios para servir os outros e tornar este mundo mais fraterno e igual”. A crise social “está à porta e devemos estar atentos”, avisou.
Nesta cerimónia foram também homenageados os elementos que pertenceram aos órgãos sociais entre 1984 e 2020 e cessaram funções, tendo como provedor Arlindo Maia. Foi ainda lançado o segundo volume do livro «SCMVC- Um Legado -1975/2015».