O afeto não tem idade – Opinião de Mariana Reis Sarmento

0
1434

Diferentes fases de vida correspondem a diferentes pontos fortes no que concerne às nossas capacidades. As crianças têm energia e observam o mundo que as rodeia com curiosidade, enquanto que os idosos apresentam a sabedoria que foram construindo ao longo da sua vida e atribuem significado a cada nova situação com base na maturidade das suas experiências. O que poderemos ganhar quando juntamos estas diferentes gerações e estes diferentes pontos fortes?

Em várias gerações, os avós faziam parte dos cuidadores principais das crianças da família, sendo que muitas vezes viviam debaixo do mesmo teto. Contudo, isto é algo que se tem perdido. Estaremos a perder algo mais?

Se for permitido o contacto entre crianças e idosos, avós e netos, podemos fazer várias descobertas. Podemos perceber que afinal as crianças gostam de outras atividades para além dos “ecrãs” e das tecnologias… afinal têm iniciativa e imaginação para criar as suas próprias brincadeiras, gostam de estar ao ar livre e de mexer na terra, ser uma companhia e ajudar os avós em pequenas tarefas. Estas são oportunidades para diversas aprendizagens e de se sentirem ativas, úteis, confiantes. Nestes momentos, podemos observar que os avós também são expostos a vários desafios! Os netos podem ser exigentes a vários níveis: “avô, ajuda-me a colher laranjas da árvore!”, “avó, ajuda-me a fazer esta receita!”, “avô, ajuda-me no trabalho de casa de matemática!”, “avó, como é que se escreve esta palavra?”. À beira dos netos, os avós nem se apercebem de que estão sempre a exercitar as suas capacidades cognitivas e motoras e, a par disto, podem sentir-se acompanhados, acolhidos e valorizados.

Para além de todos os benefícios que podem existir para um bom desenvolvimento para os mais novos e de um envelhecimento positivo para os mais idosos, há uma vantagem significativa para ambos: o afeto. Costuma-se dizer que “ser avó/avô é ser mãe/pai com dobro do açúcar”. O que sabemos é que, de facto, os avós têm muito “açúcar” para distribuir e as crianças precisam tanto dele!

Para benefício de todos, incentivemos os momentos de convivência intergeracional e criemos tempo e espaço para o aprofundamento das relações entre avós e netos.

Este artigo de opinião foi escrito para a IPSS SANCRIS, da qual o meu avô, Arnaldo do Carmos Reis, foi fundador. Assim, devo acrescentar que tudo o que escrevi foi comprovado pela criança que fui, em cada momento que com ele vivi.

Autoria da ilustração “Inês Reis Sarmento”

Mariana Reis Sarmento

Psicóloga Clínica

Contactos

Rua de Berrossos, nº 139

Malta 4485-446 Malta

Telefone: 22 9370039 (chamada Rede Fixa Nacional)

E-mail direção: direcao.sancris@gmail.com

E-mail: geral_sancris@sapo.pt

Site: www.sancris.com