JOSÉ ANDRADE
Sem surpresas, o Professor Marcelo Rebelo de Sousa, teve na Póvoa uma votação mais expressiva que Cavaco Silva. Sem surpresas, mas com a mesma dedicação com que sempre, generosamente, os poveiros tanto votaram em Cavaco Silva, como em gente afins e correlactivos. E assim, os poveiros, mostraram mais uma vez, que são gente ‘obediente’ e previsível. Não, não creio que tivessem votado com convicção, ou como prémio. Isso seria pedir demais.
Com mais voto, menos voto, as almas poveiras, mantiveram a regularidade do numero daqueles que ainda se interessam pelo cumprimento de um Dever civico. A abstenção somou agora mais cerca de duas centenas de criaturas com muitas tarefas a desempenhar no dia de votação. Mas se 31.720 abstencionistas em 2016, contra 31.505 em 2011, mostra isso mesmo, é verdade que baixou, substancialmente, o número de votos Nulos e Brancos, o que é uma proeza digna de aplauso.
O remador solitário, Marcelo Rebelo de Sousa ganhou na Póvoa, mesmo sem visita guiada, ou sem ‘divagar’ em romaria pela rua de todos os candidatos. O mais próximo que esteve por cá, foi num almoço na Agros, restrito. Mas bastou o seu carisma, a sua imagem de Homem de afectos. Porque Marcelo cativa, respeita, emana confiança, o que nos dias de hoje, num governante, não é imagem despresível.
Sampaio da Nóvoa, teve mais votos e simpatia que a soma de votos de Manuel Alegre em 2011 e Maria de Belém de agora juntos. Aliás, os 791 votos de Maria de Belém, devem merecer uma séria e profunda explicação dos responsáveis políticos da concelhia Socialista. E não vale dizer que os mais 1009 votos obtidos por Tino de Ras, e que só a ele se devem, são porque é, ou foi socialista. Não. Para confusão, já basta a que arranjaram. Venha de lá outra mais tragável desculpa.
Espanto pela numero e percentagem obtida por Marisa Martins, a candidata do Bloco?
Só quem anda muito distraído, ou desatento, não reconhece os sinais de aviso que soam, soavam por aí. Se a votação de Tino de Ras tem uma leitura, o desempenho e o resultado de Marisa Martins, tem uma outra, muito diferente e de consequências políticas diversas.
E uma das primeiras leituras e consequências, é como compaginar os resultados eleitorais do Bloco de Esquerda, a sua campanha, e o que sucedeu com o resultado tido pelo candidato comunista, Edgar Silva?!
Menos de metade dos habituais fiéis, 378 em 2016, contra 872 em 2011, leva a interrogar:- o que se passa no PC? Cá, por cá, pelo país. Não ‘morreu ás mãos dos facistas’, mas parece que vai de eleição em eleição, suicidando-se.
Sendo o voto maioritário dos poveiros, previsível, isto é, mantendo uma regularidade partidária constante, as mudanças deixam de ser uma dor de cabeça para os estrategas partidários de serviço, que no seu afã de demonstrarem trabalho, em tempo de ida às urnas, agitam fantasmas de mudanças impossíveis. – Parece que nos seus cálculos nunca entram a hipocrisia e o interesse mesquinho particular. – E daí, de, e na conjugação destes inçáveis e incontornáveis factores sociais, não admirar o júbilo caseiro com que celebraram a eleição do Professor Marcelo Rebelo de Sousa. Um alivío para as boas almas. Um bálsamo para as feridas de carácter partidário dos “Paf’s”. Só que o Professor não é o vingador de serviço, nem o Deus poderoso que os velhos testemunhos queriam em moda. Conhecendo-se mal, julgam mal o que mal conhecem.
Portugal ganhou um Presidente. Os Portugueses, por certo ganharam para seu representante, um Homem com convicções. A Póvoa cumpriu como esperavam.