D. Maria Pais Ribeiro – A Ribeirinha

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É comum dizer-se: aquela casa, em pedra, muito bem conservada, lá para os lados de
Quintela, era a casa da Ribeirinha. De facto é verdade!
Mas quem foi a Ribeirinha?

D. Maria Pais Ribeiro, ficou mais conhecida por Ribeirinha e terá nascido por volta de 1189
e falecido depois de 1245. Filha de D.Urraca Nunes de Bragança e de Paio Moniz de Ribeira e
Cabreira, tendo sido o seu pai, Alferes-Mor de D. Sancho I. A Ribeirinha fazia assim, parte de duas
das familias, mais antigas e influentes na área de Entre Douro e Minho.1 Sobre a familia Cabreira e
Ribeira, ainda há lacunas a preencher, pois na historiografia e nos estudos genealógicos portugueses
ainda não se sabe com exactidão a identidade do Conde Osório de Cabreira e Ribeira assim como
da sua esposa. Sabe-se no entanto que Paio Moniz da Ribeira, ainda em vida do monarca D. Sancho
I, recebeu alguns bens e a partir de 1199 tornou-se Alferes, como disse anteriormente. A
proximidade de Paio Moniz com D. Sancho I deve-se não só ao facto de pertencer a familias muito
influentes, mas também por ser primo em 4º grau, deste rei.2
Paio Moniz teve um filho, Martim Pais e duas filhas, a Ribeirinha e uma outra filha de que
não se conhece o nome próprio. Sendo, por isso, muito natural a presença assídua de Ribeirinha na
corte e a posterior relação com o rei.

De facto, D.Sancho I, por diversas vezes, passou temporadas em Argivai e tinha na
Ribeirinha uma “amiga” por quem se enamorou. E apesar de se conhecer outra amiga do rei, de
nome Maria Aires de Fornelos, sabe-se que a Ribeirinha foi a favorita de D.Sancho I, sendo também
a ela associada a expressão: “ a senhora que o Rei trazia consigo”.

Se tomarmos em atenção o que nos revela o Livro de Linhagens, a Ribeirinha terá tido seis
filhos deste rei. Apesar de se conhecer pouco da intimidade pessoal dos nossos reis, há ainda autores
que acreditam que este rei, só se terá enamorado pela Ribeirinha, após ficar viúvo. Neste ponto em
concreto, eu própria, tenho algumas reservas, se terá sido, de facto, assim. Afinal, não nos podemos
esquecer que desta relação amorosa, nasceram seis filhos ilegitimos o que prova uma relação
duradoura.

Ainda em vida, o rei nas Cortes de Lamego de 1208, doou à Ribeirinha as herdades de Vila
do Conde, Quintela, Touguinha e Formariz, dando-lhe assim, o título de Senhora de Vila do Conde.

O facto de a Ribeirinha ter ficado conhecida como a “Favorita”, pode dever-se a muitos
factores, naturalmente, mas um dos pontos que mais levam, a acreditar nessa preferência, deve-se à
sua inigualável beleza, assim como, ao seu espirito audaz e inteligente. Basta lembrarmos como se
conseguiu libertar de situações complicadas, imediatamente após a morte de D. Sancho I. Como é o
caso de rapto de que foi alvo, por parte, de D. Gomes Lourenço de Alvarenga em Coimbra.

Alvarenga levou-a à força para Leão, tentando assim afastar-se das influências da sua familia. No
entanto, de nada adiantou, pois D. Afonso II pediu explicações ao rei de Leão, D.Fernando II sobre
o paradeiro da amante do seu pai (D.Sancho I).

O raptor chamado à corte confessou o acto, e prometeu casar-se com a Ribeirinha, mas ela
não aceitou casar com o seu agressor, sendo devolvida em segurança, enquanto que D. Gomes
Lourenço de Alvarenga, foi condenado à morte.

Destaco assim, D.Maria Pais Ribeiro, conhecida como a Ribeirinha e que viveu no lugar de
Quintela, em Argivai.

O que eu inicialmente tencionava, era escrever um percurso de vidas passadas, a cada dois
meses, de pessoas de Argivai, que se destacassem por infinitas razões ou que tivessem levado
Argivai bem longe. Mas a lista é imensa, riquíssima e apaixonante. A ver vamos, se eu consigo
escrever uma boa parte, ainda no meu próprio percurso de vida.