São Pedro, desde sempre?

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A alegria e a euforia das festas populares já passaram, este ano, pelo menos. Para o ano haverá mais, se Deus quiser!

Enquanto isso e a propósito ainda, do S. Pedro, penso eu, ser curioso lembrar alguns pormenores. Apesar de ser a festa popular por excelência, da nossa nobre cidade, sabemos que não foi sempre assim.

Como nos diz António dos Santos Graça, o S. João era, no século XIX, dos três santos populares, o mais festejado na Póvoa de Varzim.

Em Argivai, por exemplo, existe uma rua com este nome, precisamente a lembrar um dos santos populares, que se tornaria numa das maiores festas do ano, no concelho.

Assim, podemos dizer que já no século XIX se celebrava o S. Pedro, mas somente no Bairro da Lapa, seria: “O S. João e o S. Pedro na Lapa”, sendo assim, percetível a importância que o S. João, tinha junto da comunidade piscatória, mas também um sinal da ligação ao S. Pedro, que viria a ser o Santo mais adorado desta comunidade.

Como nos diz Susana Ferreira, há uma razão específica para se ter dado esta transição. Explanamos aqui a razão apontada. A construção da Igreja da Lapa, começou em 1722 e o São Pedro, aos poucos, foi ganhando importância no coração dos poveiros, uma vez que na referida igreja, existia uma imagem de São Pedro Claviculário, o Santo que abria as Portas do Céu.

Sendo a comunidade piscatória deveras religiosa e devota, passou a adorar este Santo. E é assim que São Pedro, Claviculário do Céu, começa a ser festejado no bairro da Lapa, no dia 28 e 29 de junho. Estes festejos resumiam-se, essencialmente, a celebrações religiosas na Igreja da Lapa, havendo sermão e procissão. Nas ruas montavam-se as cascatas com o santo e acendiam-se fogueiras, em torno das quais, se faziam as animadas danças de roda. 

O momento exato para a transição, na qual, se passa a considerar como santo popular principal, o S. Pedro, na Póvoa de Varzim, terá sido após o dramático naufrágio, ocorrido a 27 de fevereiro de 1892, o qual abalou profundamente toda a comunidade poveira. Neste terrível naufrágio, foram ceifadas as vidas de setenta pescadores e todos entraram em luto. Durante muito tempo o negro, era a cor predominante na cidade, inclusive em alguns casamentos, os vestidos foram dessa mesma cor. Todos sabemos que um verdadeiro drama se abateu sobre a cidade, perdurando por largos anos e perpetuado nos azulejos da Igreja da Lapa.  José de Azevedo, por sua vez, foi um impulsionador das Festas de São Pedro na Póvoa de Varzim, desde 1962 e membro da Comissão Municipal de Iniciativa e Propaganda. Assim, existindo já o Santo António em Lisboa, o São João nas vizinhas cidades de Vila do Conde, Porto e Braga, restava agora o São Pedro para completar o ciclo dos Santos Populares.