“Vivo numa cidade com 9 milhões de habitantes e não se via quase ninguém na rua. É inacreditável”.
Carla Martins, 36 anos, reside na China desde 2014. Regressou esta terça-feira à sua terra natal de Aguçadoura, Póvoa de Varzim. Como muitos portugueses e outros estrangeiros, deixou nesta altura o país para não correr riscos com o coronavírus.
Vive em Wenzhou, província de Zhejiang, onde frequenta o último ano de Medicina. Está a fazer internato precisamente nos hospitais da cidade, onde já foram detetados 150 casos.
“A situação lá está complicada. Devido à propagação do vírus e por sermos estudantes internacionais, aconselharam-nos a ficar em casa e só sair se fosse para comprar comida. Antes de vir estive fechada durante quatro dias”. Ao 5º dia teve autorização das entidades de saúde para sair.
A poveira ainda ligou para a embaixada portuguesa mas foi-lhe dito que o melhor era não esperar por eles. Foi ela que tratou de tudo.
Em Wenzhou viu uma cidade fantasma. São poucas pessoas na rua. E as que se arriscam têm de usar máscaras, todas sem exceção. E ainda há outro problema: “Fui comprar comida no domingo e as prateleiras estavam quase vazias”, conta Carla.
A família, por cá, estava “preocupada”. Mas agora já estão descansados. Carla Martins está na casa da mãe. Foi-lhe recomendado que ficasse em Portugal até dia 24 de fevereiro.
Nas foto principal: Carla Martins num aeroporto de Xangai praticamente vazio. Nas outras vê-se as prateleiras vazias e a poveira em contexto de trabalho