A pandemia devida à COVID-19, veio pôr à prova a resiliência do Setor Social, que com todas as dificuldades inerentes ao apoio dos mais frágeis da sociedade, sob o ponto de vista económico e social, terá agora de dar particular atenção às pessoas de saúde mais débil – os doentes e os mais idosos.
Todo o setor social e em particular as misericórdias, habituadas a “fazer mais com menos”, estão a organizar-se, de modo a que, como noutros momentos de crise, económica, social e sanitária, serem capazes de responder às necessidades da população.
Quando começaram a surgir as primeiras diretrizes das autoridades de saúde nacionais, logo a Misericórdia “fechou as portas” aos visitantes, familiares e amigos dos residentes nas estruturas residenciais e de cuidados continuados, certos que o confinamento das pessoas, seria uma das chaves para controlar a disseminação do vírus. Para atenuar este isolamento, a ocupação do tempo e a utilização dos meios de comunicação à distância, como as vídeo chamadas, têm permitido manter os nossos doentes e residentes psicologicamente estáveis, e as famílias mais sossegadas. Os jardins da Misericórdia, que estão fechados a quem vem do exterior, têm permitido que trabalhadores e residentes, que para isso tenham permissão, possam respirar um pouco de ar desta cidade, parada no tempo, respeitando as normas de afastamento social.
Também os serviços de Medicina Física (fisioterapia, terapia da fala, terapia ocupacional) foram encerrados.
Os nossos serviços de saúde internos, médicos, enfermeiros e terapeutas, continuam a cuidar e a manter em recuperação os nossos doentes e utentes.
Desde a primeira hora desta crise sanitária, o Grupo de Controle de Infeção da Misericórdia, elaborou e tem mantido diariamente atualizado, o Plano de Contingência, aprovado inicialmente e validado em cada atualização, pela autoridade sanitária de Póvoa-Vila do Conde, seguindo rigorosamente as normas das autoridades de saúde nacionais. É um guia de comportamento, que serve de base a toda a nossa atuação no dia a dia, e destina-se a controlar a proliferação deste novo coronavírus.
Na internet e redes sociais, informações, por vezes contraditórias, sobre os comportamentos das pessoas nas mais diversas situações, só servem para confundir e lançar o pânico. Confiemos nas autoridades nacionais da saúde e estejamos atentos às medidas por elas determinadas.
No que respeita aos nossos trabalhadores, temos tido o cuidado de os informar sobre a doença, e quais os comportamentos adequados, para minimizar o risco de contágio, na sua atividade laboral e no seu dia a dia como cidadãos, adotando um clima de verdade. Terão de ficar em quarentena de 14 dias, caso tenham familiares próximos que tenham regressado do estrangeiro ou tenha estado em contacto com pessoas com suspeitas da doença.
O inimigo é perigoso e invisível e sabemos que neste momento, só temos armas defensivas. Temos que as usar de modo criterioso para que estas não nos faltem, antes de vencermos a batalha. Temos tido, como todas as instituições do setor da saúde, dificuldade em adquirir alguns dos meios de proteção para os nossos trabalhadores, por isso temos de os utilizar com critérios adequados, e ir mantendo uma reserva de segurança desses meios e, dando largas à nossa imaginação, encontrar soluções seguras, para proteger os nossos trabalhadores e as pessoas cuidadas.
Às famílias das pessoas que cuidamos no dia a dia no domicílio, confiem que estamos a fazer o melhor para garantir a saúde e bem-estar dos vossos familiares, e pedimos que tenham para com os nossos trabalhadores uma atitude de verdade, caso os vossos idosos ou vós próprios suspeitem ser portadores da doença COVID-19.
Quero louvar todos quantos trabalham no setor da saúde, mas também no setor social de apoio aos mais idosos, pelo empenhamento e dedicação que têm manifestado a bem da saúde e bem estar de todos, e agradecer aos trabalhadores da Misericórdia da Póvoa, que tal como tantos outros, se apresentam diariamente nos seus postos de trabalho, e heroicamente se dedicam ao bem estar daqueles que cuidam. Um bem-haja para cada um deles.
Aos familiares das pessoas do Centro de Dia, entretanto encerrado, um agradecimento pela compreensão de que teriam de apoiá-las nas suas habitações.
As instituições do setor social, tal como muitas empresas, debatem-se neste momento com a falta de trabalhadores, pois muitos estão em casa a tomar conta dos filhos, devido ao encerramento das escolas.
Os nossos trabalhadores, e de um modo geral a maioria dos trabalhadores das estruturas da saúde e das instituições de apoio social vivem no concelho. Por isso, manter a população do concelho “saudável”, é dever de que cada um de nós, para não se gerarem cadeias de transmissão da doença para o interior das instituições, onde doentes e pessoas idosas estão acolhidos.
Enquanto responsável por uma Instituição, onde vivem dezenas de pessoas, peço aos Responsáveis pelo Município e Uniões de Freguesias, e aos poveiros em geral, que cumpram e façam cumprir as determinações das autoridades de saúde nacionais e locais.
Com o empenho, dedicação e esforço dos trabalhadores, órgãos sociais e os outros Irmãos, estou certo que vamos conseguir manter o apoio à sociedade em geral, através do apoio alimentar de emergência, ou outro que for solicitado, e, em particular, vamos garantir aos utentes dos nossos serviços, os cuidados que lhes são devidos.
VIRGÍLIO FERREIRA
PROVEDOR
MISERICÓRDIA PÓVOA DE VARZIM