Produtores de leite defendem programa de redução voluntária da produção

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A APROLEP, Associação dos Produtores de Leite de Portugal, apelou na quinta-feira para que o Governo defenda na União Europeia a proposta de redução voluntária da produção apresentada pelo Conselho Europeu do Leite face à quebra do consumo de produtos lácteos resultante da pandemia.

“No contexto excecionalmente dramático desta pandemia, esperamos que o Governo português defenda, perante a União Europeia, a redução voluntária da produção apresentada pelo European Milk Board (EMB ou Conselho Europeu do Leite, que representa os produtores de leite em 15 países europeus), em que os produtores que produzem menos na situação atual do que no mesmo período do ano passado receberiam um bónus por litro de leite não produzido”, escreve a APROLEP em comunicado. “Este programa já foi brevemente implementado, com sucesso, em resposta à crise dos laticínios em 2016”.

Os produtores manifestam “toda a solidariedade e apoio” aos congéneres europeus que na quinta-feira se manifestaram em vários países da Europa face à redução do consumo de produtos lácteos provocada pela pandemia do Covid-19 e às dificuldades de exportação.

“E esta situação pode ser ainda mais grave para os produtores de leite portugueses, porque ocorre depois de 10 anos com o preço do leite ao produtor sempre abaixo da média comunitária”, vinca a associação, lembrando que, nos últimos dois meses com dados disponíveis (fevereiro e março) Portugal registou “o pior preço” do leite ao produtor entre os 27 estados da Europa, com 0,304 euros por quilograma, “quatro cêntimos abaixo da média comunitária”.

Para agravar este contexto difícil, algumas centenas de produtores portugueses, no continente e nos Açores, “foram já notificados por vários compradores sobre descida do preço do leite, face à dificuldade em dar escoamento a produtos de valor acrescentado, nomeadamente, queijo, que deixou de ser vendido na restauração”.

Vincando que as medidas recentemente anunciadas pela União Europeia de apoio à armazenagem privada de queijo ou leite em pó são insuficientes, porque se está apenas a empurrar o problema para a frente, sem resolver os atuais desequilíbrios entre oferta e procura a nível europeu, a APROLEP defende que “nem o armazenamento privado, nem a intervenção impedem a superprodução”, limitando-se a armazenar excedentes “que poderão afetar ainda mais negativamente o mercado português”.

Por isto, a associação apela “à escolha de produtos lácteos nacionais por parte dos consumidores portugueses, bem como à solidariedade e partilha de esforços da indústria e distribuição”, de forma que a crise económica de setor lácteo “não seja apenas assumida pelos produtores”.