“Rates é a vila cultural do concelho da Póvoa de Varzim”. É esta a posição de Paulo Sá Machado, assessor cultural da junta de freguesia. Colabora com a junta desde que o atual presidente assumiu o cargo, e conta que se tem “dedicado em trazer exposições não só dedicadas à terra, mas que transportem a vivência dos ratenses e as suas atividades”. Ao MAIS/Semanário, revelou alguns dos planos que tem para a freguesia.
Paulo Sá Machado afirma que “para mim, a cultura é uma forma de vida, desde sempre”. Durante a sua atividade profissional, segundo os seus cálculos, já organizou “200 a 300 exposições, e dezenas de colóquios e congressos”. Por isso, é com certeza que declara que “Rates tem uma particularidade muito interessante: a sua cultura fechou-se riquíssima”.
Isto permitiu, como explica o assessor, que os aspetos culturais da freguesia se desenvolvessem sobre si mesmos, e que “aumentassem cada vez mais as suas características”. Os frutos deste fenómeno estão à vista – “há milhares de pessoas que passam por aqui ao fazer os Caminhos de Santiago, milhares que visitam as exposições e milhares que passam e param no núcleo museológico”. Sá Machado diz ainda que, “às vezes, as exposições daqui têm mais visitantes que outros lugares importantes e outras cidades”.
O assessor afirma, portanto, que “Rates é a vila cultural do concelho. Tem um património riquíssimo edificado e tem sido enriquecida. E vamos enriquecê-la ainda mais”.
A arte e gastronomia ratense
Este compromisso tem vindo a ser cumprido, refere Paulo Sá Machado, através de várias manifestações culturais. “Temos trazido para aqui poetas, escritores, folclore, e outras iniciativas” e “organizamos anualmente o Colóquio Internacional dos Caminhos de Santiago, que já vai na sua sétima edição”. Este último “foi um sonho que trouxe para aqui e que o senhor presidente da junta apadrinhou”, esclarece. E comenta ainda: “tem sido um sucesso. Começamos com 25 ou 30 participantes, mas já passamos largamente a centena”.
Quanto a mostras culturais, destaca a iniciativa mais recente: “estamos a desenvolver um programa dedicado aos mais ilustres ratenses”. “Começamos pelo jornalista Pedro Correia Marques, uma exposição que encerrou há pouco tempo”, nota.
Sobre exposições com temas não relacionados com a freguesia, relembra “a exposição do ballet chinês e dos instrumentos musicais chineses”. Na altura, “muitas pessoas deslocaram-se a Rates propositadamente para ver”. Um aspeto muito positivo e “preciosíssimo” aos olhos de Paulo Sá Machado, visto que “toda a cultura faz movimentar todos os setores” e “influencia o comércio e a restauração, as compras”.
E porque a cultura não inclui apenas a arte, Paulo Sá Machado frisa o estabelecimento de um prato típico da freguesia, o Frango Guisado. “Foi uma criação do chefe Marco Gomes, que está presente sempre que fazemos manifestações de qualquer tipo”, avança, referindo também que a receita está publicada e foi distribuída por vários restaurantes. O prato é feito com produtos da terra e “à maneira minhota, que é como se come bem”.
“O que não fizemos no ano transato, vamos encaixar até 2023”
Apesar de mostrar vontade em fazer mais e de afirmar que “a cultura está em primeiro lugar”, o assessor cultural não nega que a pandemia obrigou a deixar alguns projetos em suspenso. Nesse aspeto, lamenta o facto de que “a cultura foi sempre o parente pobre de qualquer governo”. E o panorama atual veio piorar a situação: “praticamente não tivemos grandes exposições a nível mundial, como estava previsto, nem festivais de música, desde o rock ao fado”. Sublinha que “a cultura é a peça fundamental” para que os países se desenvolvam. Por isso, Sá Machado promete que “o que não fizemos no ano transato, vamos tentar encaixar até 2023”.
Mesmo assim, expõe que “não me posso queixar que ficou muita coisa por fazer”. Os poucos exemplos que enumera são o Congresso dos Caminhos de Santiago e “duas outras exposições de âmbito nacional”. De resto, “tivemos exposições que tivemos de adiar, mas não deixamos de fazer”.
“Rates merece ser vista”
2021 vai ser “um ano de luxo” para a cultura ratense, de acordo com Paulo Sá Machado. O Museu de Arte Sacra, “com o espólio da igreja e do padre Arnaldo Moreira e as obras do pintor Levi Guerra, é a cereja no topo do bolo” para Rates, garante, já estando adjudicado. No museu, prevê ainda uma mostra sobre Tomé de Sousa, ratense ilustre e primeiro governador-geral do Brasil.
Falando num futuro mais breve, o assessor alude à exposição sobre o padre Arnaldo Moreira, no núcleo museológico. “Está em exibição do dia 22 de abril a 22 de maio” e vai incidir sobre a sua vigência como pároco, “com especial incidência na parte musical, porque foi um homem dedicado à música”.
No fim do ano, o Congresso dos Caminhos de Santiago regressa entre os dias 19 e 20 de novembro, de forma presencial. “Esperamos que não haja novas vagas que nos atrasem”, desabafa Sá Machado, dado que o congresso conta com a participação de especialistas de Espanha, França, Itália, Alemanha e Brasil, para além de portugueses.
Sobre sonhos, há muitos que Paulo Sá Machado gostaria de realizar em Rates. Contudo, o mais ambicioso talvez seja a criação de um “parque de bustos de homens célebres da freguesia”. O local já está pensado: o largo Tomé de Sousa, que já conta com o busto do mesmo. “A ideia seria juntar ali seis ou sete bustos, no mesmo formato do que já há, para não destoar”, explica. Alguns dos candidatos seriam o padre Arnaldo e o jornalista Pedro Correia Marques, mas, segundo o assessor, “há várias personalidades capazes de povoar aquele espaço”. Para qualquer outra sugestão da população, Paulo Sá Machado afirma que “nunca fecho a minha porta”. Agradece ainda aos ratenses, “que me acolheram tão carinhosamente”, à junta de freguesia na figura de Paulo João Silva, que “tem apoiado todas as iniciativas culturais”, e “ao apoio incondicional da Câmara Municipal”. E termina: “quero dar voz à população de Rates, dar a conhecer os que cá temos e levar lá fora”, até porque “Rat