O município da Póvoa de Varzim decidiu “aceder à vontade expressa pelo Estado Português de dar, a partir de agora, o devido seguimento judicial” ao caso da camisola poveira, por forma a salvaguardar, em nome da comunidade local, a “preservação do património imaterial nacional”.
A autarquia apresentou um conjunto de cláusulas que a empresa Tory Burch deveria cumprir para evitar a via judicial. Mas esta “não acedeu, em tempo útil, à materialização da proposta na sua totalidade”, lê-se em comunicado da edilidade esta sexta.
Entre as cláusulas, incluía-se o financiamento por parte da empresa Tory Burch, da criação de um centro de formação de artesanato dedicado à profissionalização da confeção da Camisola Poveira, cuja instalação teria lugar no Centro Empresarial da Póvoa de Varzim. Além disso, estipulava que a confeção de um novo modelo da camisola devia ser obrigatoriamente feito em Portugal, pelos artesãos locais radicados na Póvoa de Varzim.
O presidente da Câmara Municipal, Aires Pereira, confirma que foi contactado, pela primeira vez ontem ao final da tarde, por uma representante da empresa Tory Burch que, em nome da marca, “reconheceu a gravidade do episódio, lamentou o sucedido e se disponibilizou, de imediato, a agilizar a reparação dos danos causados à comunidade poveira por este ato irrefletido e indevido de apropriação cultural”.
Apesar de agradecer o reconhecimento público do erro, o município da Póvoa de Varzim reitera que o pedido de desculpas “não é suficiente”.
O mesmo deve fazer-se acompanhar “de uma justa reparação à comunidade poveira, em particular aos artesãos locais que, há mais de 150 anos, se dedicam à elevação da nossa identidade histórica e cultural através do fabrico da Camisola Poveira, com recurso a técnicas ancestrais e artesanais com origem no concelho da Póvoa de Varzim”.