O treinador do Varzim não resistiu aos últimos maus resultados, e teve de abandonar o cargo que exercia desde o início da presente temporada. Foi dito aqui neste “cantinho à beira mar plantado”, no final do mês de janeiro, que tinham entregue nas mãos de Tiago Margarido uma “batata quente” com um plantel de duas dezenas de jogadores que, entretanto, fora remodelado aos bocados até quedar com o fim das “janelas de transferências”. A batata pelou tanto nas mãos do pouco experiente e jovem treinador que não resistiu ao lhe deram de suplício. Não resistiu e sucumbiu à lei do elo mais fraco. Como de costume, principalmente nestas coisas futebolísticas, o chamado “pião das nicas” – na linguagem das brincadeiras infantis dos tempos antigos no jogo do pião a castigar quem perdia a partida – é sempre o treinador. Nem sempre com a justiça a encobrir os erros ou as competências. De qualquer forma, o Varzim teve de mudar de treinador ao ver a “casa a arder”, com a carreira na Liga 3 a ficar um pouco comprometida. É certo que ainda faltam quatro jornadas para o termo da fase de apuramento que dá, depois, direito a disputar os lugares de acesso à profissional Liga 2. Portanto há 12 pontos a serem disputados, com o Varzim ainda assim bem lançado para o apuramento com os 4 pontos que servem de almofada, em relação ao 5.º lugar que fica de fora do apuramento. Sem esquecer, no entanto, que só um dos jogos é em “casa”, frente ao “sempre conflituoso” Canelas, porque os outros três são fora de portas (Vitória de Guimarães B, último classificado e Lank Vilaverdense, equipa-sensação, já de seguida), e o último em Paredes, frente aos “descansados” paredenses. Missão difícil, não há dúvida, espera o novo treinador, mas propícia para mostrar o seu valor.
De qualquer maneira, o treinador que tinha vindo do Canelas, para além do pouco “currículo” na sua bagagem, também não o “ajudava” a idade, na casa dos trinta. Tudo serviu para se tornar, neste caso, no elo mais fraco dentro da carreira varzinista. Porque não é de crer que fosse com o seu “dedo” que o plantel se constituiu aos poucos, com uma remodelação total em relação à época anterior, inclusive tudo que se relaciona com o futebol do Varzim. Não seria pela sua mão que se “descobriram” valores das mais diversas procedências nacionais e estrangeira. Nem é de crer, também, que partisse diretamente do líder diretivo que não possui o “calo” suficiente para uma missão que tinha de ser competida por quem escolheu e confiou no sentido de dar “nova roupagem” ao clube poveiro, depois de ter que abandonar os Campeonatos Profissionais. De qualquer forma, a corrente varzinista quebrou pelo chamado elo mais fraco. Neste caso pelo treinador, já que seria impossível alterar mais o plantel – salvo possíveis exceções que possam surgir.
Agora… “bate-chapas e tinta Robialac”, como rezava antigamente um slogan publicitário radiofónico (antes da televisão tomar conta de toda a gama de publicidade) e esperar que a mudança de comando técnico seja frutificante para bem do nome do Varzim Sport Clube. Falta de apoio nunca houve, como tem sido bastantes vezes enaltecido nos meios futebolísticos e inclusive pelo treinador demitido que, honra lhe seja feita, nunca teve palavras de desagrado para com a família varzinista e sempre “poupou as costas” aos pupilos que lhe ofereceram para a sua espinhosa missão.
A escolha recaiu num homem pertencente à “raça heroica” de homens do mar, pois é cidadão matosinhense desde que nasceu há quatro décadas, tendo sido no Leixões que fizera toda a carreira desde os 13 anos até terminar nas equipas de veteranos, com uma passagem pelo Rio Ave (depois de “cheirar” o futebol espanhol no Mallorca), outra pela Académica e também outra pela Belenenses. Bruno Manuel Rodrigues Silva, nome completo de quem no futebol recebeu a alcunha de Bruno China, teve o seu “batismo” de treinador, como adjunto, no clube dos seus amores e foi ganhando experiência, na qualidade de treinador principal, no Espinho, Felgueiras e Trofense, portanto já com tempo para entrar no “reino poveiro” de olhos bem abertos, para poder enfrentar da melhor maneira as dificuldades que lhe reservam. E os varzinistas lá estão à espera de “uma boa horinha” para que o bom tempo volte ao seu seio, como aquele que viveu nas primeiras “pedaladas” do atual Campeonato. Depois de ser dado conhecimento ao novo timoneiro os cantos à casa, há que recolher os apetrechos da melhor maneira, de forma a que seja frutífero o lançamento das redes ao mar encapelado que envolve a lancha poveira, neste caso toda a companha dos Lobos do Mar.
Opinião Luís Leal – ‘O Meu Cantinho’. Foto Varzim SC