Na noite de terça-feira, alguns enfermeiros do Centro Hospitalar de Póvoa de Varzim/ Vila do Conde organizaram uma vigília silenciosa em frente à unidade, como forma de se associarem à greve que se faz sentir em todo o país.
Um dos enfermeiros revelou ao MAIS/Semanário que a adesão tem sido muito acentuada, em alguns casos total: “Aqui, os níveis de adesão são muito elevados e na linha daquilo que tem acontecido a nível nacional, nalguns turnos a chegar aos 100 por cento. Há serviços que, no turno da noite, rondam esses números. E hoje, por exemplo, no turno da tarde, tivemos uma adesão de também de 100 por cento, ou seja, ficámos com os serviços mínimos”.
E a propósito dos serviços mínimos, a mesma fonte faz questão de ressalvar: “Os utentes podem estar absolutamente descansados, nós também somos cidadãos e respeitamos os direitos que as outras pessoas têm à saúde. É óbvio que nestes dias de greve, assim como noutra área qualquer, há alguns constrangimentos, mas tudo faremos para que eles sejam mínimos”.
De resto, e porque se tratam de 5 dias de paralisação, o enfermeiro faz saber que “há enfermeiros que nuns dias aderem, noutros não, tentando repartir o prejuízo e a mossa que isto pode causar no orçamento familiar”. E acrescenta: “há aqueles que não concordam”, o que também é uma posição válida porque “nós aqui no Centro Hospitalar temos respeito pela pluralidade de opiniões”.
“Enfermeiros são uma espécie de low cost do SNS”
Voltando um pouco à vigília de terça-feira, fonte hospitalar explica que se trata de uma manifestação simbólica e silenciosa, à semelhança do que vai ocorrendo um pouco por todo o território nacional. Serve para mostrar que “as unidades de Vila do Conde e de Póvoa de Varzim estão associadas a este movimento nacional, que tem tido uma adesão transversal a partidos e movimentos sindicais”.
Sobre as reivindicações dos enfermeiros do Centro Hospitalar, a mesma fonte ligada à unidade informa:
“É um movimento que surgiu há vários meses por causa dos enfermeiros especialistas em saúde materna e obstetrícia, que consideravam que estavam a desempenhar funções especializadas e que não estavam a ser pagos como tal. E não estão porque o conteúdo funcional do contrato que celebraram com o hospital é o do chamado enfermeiro generalista. Neste hospital, e noutros do país, o Ministério da Saúde está a usufruir de trabalho diferenciado sem pagar por isso. Somos uma espécie de low cost da área da saúde. Os sindicatos, durante este tempo todo, tentaram negociar com o Governo mas os acordos que celebraram entretanto não foram os mais satisfatórios. Portanto, o sindicato dos enfermeiros e a FENSE convocaram esta greve porque não havia evolução em termos sindicais”.
Para concluir, o enfermeiro deixa um recado ao Governo: “Ao contrário daquilo que o Ministro diz, nós [enfermeiros] durante muitos anos demos prova da nossa responsabilidade”.
Falta apenas dizer que na próxima sexta-feira irá partir da Póvoa um autocarro com cerca de 60 enfermeiros (além daqueles em viaturas particulares) do Centro Hospitalar, rumo à manifestação nacional em Lisboa.