EDMUNDO MARQUES
Perante os contínuos “casos” que neste dealbar do século XXI se vão desvendando no nosso país, entendi fazer alguns comentários aos que tem sido mais badalados nos últimos tempos.
Comecemos pela tão controversa afirmação que o Dr. António Costa fez há dias num encontro com empresários estrangeiros, no Casino desta cidade.
Disse ele, e sem procurar repetir as suas palavras, que o país estava diferente do que era há quatro anos atrás.
É uma afirmação correctíssima se nos limitarmos a analisar, num contexto muito restrito, as suas palavras.
É verdade que a actual situação das finanças públicas é substancialmente diferente, se pensarmos no sufoco financeiro em que nessa altura vivíamos, limitando a análise à liquidação, a curto prazo, dos encargos que competem ao Estado.
Não corremos o risco imediato de faltar aos nossos compromissos, mas temos uma dívida maior do que a dessa altura e tudo o que se fez foi, tal como no tempo do falecido ditador de há cinquenta anos, o que se conseguiu não foi por melhor gestão do Estado, mas à custa da miséria e do empobrecimento dos cidadãos, já que foi sobre estes que recaiu a factura das poupanças que se conseguiram.
O Estado gastou mais e pior do que nessa altura e se nos reportarmos às tais palavras do Dr.António Costa, o país está diferente e para melhor para os investidores estrangeiros, já que se diminuíram ordenados, facilitaram despedimentos e reduziram a carga fiscal para as empresas que em Portugal se instalarem.
Tudo o mais em relação aos portugueses piorou, e apesar da melhoria das contas das empresas e dos particulares perante o estrangeiro, a dívida pública aumentou, porque aumentaram as despesas do estado sem que ninguém entenda como ou porquê.
A única explicação que encontro é que, em vez que cortarem como nos querem fazer crer, as “gorduras” da administração central, estas aumentaram.
Para que fossem correctas as afirmações feitas, necessitavam de ser explicadas com mais detalhe para poderem ser claramente compreendidas por todos.
Depois vem os “esquecimentos” já tantas vezes repetidos do Sr. Primeiro Ministro.
Que o cidadão Passos Coelho falte aos seus deveres fiscais, é um assunto entre ele e a administração e não me diz respeito.
Que o Primeiro Ministro do meu país seja um mentiroso compulsivo ou os desmemoriado doentio, já me perturba e envergonha.
Não quero saber se foi na falta de pagamento à Segurança Social, se esteve ou não a tempo inteiro como politico na Assembleia da Republica ou se não cumpre por desconhecimento da Lei, que ele próprio ajudou a fazer, tanto se me dá para o classificar como indigno de ocupar o lugar que ocupa.
O seu comportamento envergonha-me como deve envergonhar todos os cidadãos cumpridores deste país.
Para os dois casos, um por omissão de completar o que disse e o outro pelo comportamento que demonstra, tem os dois uma coisa em comum – a de terem sido formatados para serem políticos sem qualquer noção do que é a vida dum trabalhador comum, terem saído da escola para os “jotinhas” e destes para cargos de responsabilidade sem terem passado ou sentido a necessidade de trabalhar e saber o que custa viver com dignidade.
Poderia continuar este texto e repetir inúmeros exemplos que reforçariam esta afirmação.
Mas as limitações de espaço impedem-me e o conhecimento público deste comportamentos também o torna desnecessário.
Permitam-me só terminar este assunto com um comentário ao comportamento do sr. Presidente da Republica.
É certo que já devíamos estar habituados a estas atitudes.
Mas pelo imenso respeito que me merece o cargo que ocupa, limito-me a dizer que mais lhe valia estar calado.
Porque sempre que abre a boca e cada vez com mais leviandade, “ou entra mosca, ou sai asneira”.