Igreja de Amorim alcança estatuto de centenária (fotos)

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No sábado, a igreja de Amorim festejou 100 anos em que foi inaugurada e aberta ao público. Na celebração realizada ao final da tarde e dirigida pelo padre Guilherme Peixoto, foi recordado o momento que ficou na história da freguesia e em particular à família ‘Bonitos de Amorim’ que enorme esforço e contributo para a construção do templo.

À cerimónia assistiram algumas dezenas de pessoas, devido às restrições sanitárias, entre as quais alguns familiares dos benfeitores que trabalharam para a construção da igreja localizada na freguesia de Amorim, à face da estrada nacional 205, que liga a Póvoa de Varzim a Barcelos.

Conheça a história do nascimento da igreja, num artigo de Manuel Lopes Martins onde é feita compilação dos dados sobre a construção.

100º Aniversário da Igreja Nova de Amorim

Segundo reza a tradição, Manuel João Gomes de Amorim prometera fazer uma igreja nova na sua freguesia, se Deus os ajudasse – a si e aos seus irmãos – a singrar na vida e fazer fortuna em Terras de Vera Cruz.

Da Casa dos Bonitos, filhos de António José João de Amorim e de Teresa Gomes, saíram para o Brasil, além do Manuel João, o Joaquim José, o António João e o Francisco João. Segundo o cronista poveiro Cândido Landolt, “o Manuel João foi trabalhar com o seu tio, José João de Amorim, já uma respeitável figura do comércio pernambucano, e veio a casar com a filha dele, Adelaide Soares de Amorim. Em pouco tempo viu-se senhor de uma avultada fortuna”.

O Francisco João e o Joaquim José casaram com duas irmãs, filhas de António Fernandes Ribeiro, e cunhadas de seu tio. A esta 3ª geração de “brasileiros”, da família dos Bonitos, os anos foram passando e a vida foi-lhes correndo de feição. Entre irmãos, foram conversando como concretizar tal promessa. O regresso a Portugal, nos fins do século XIX, do António João Gomes de Amorim e a sua presença, nesta terra, foram importantes para o desenvolvimento do projeto.

Para concretizar o sonho, foi comprado, em 1903, à família dos Zeladores, um terreno com a área de 4.500m2, por quinhentos mil réis, junto à estrada real.

O projeto para a construção da igreja foi solicitado ao Arquiteto Adães Bermudes, em 1904, por intermédio do Dr. David Alves, genro de Manuel João Gomes de Amorim. Em 18 de Outubro de 1905, é celebrado um contrato de empreitada, entre António João Gomes d’Amorim e o empreiteiro de Espinho José de Sá Couto, para a construção da igreja nova, por doze contos duzentos e sessenta mil réis.

As obras começaram em fins de outubro desse ano, tendo o António procuração dos mais interessados para assistir e superintender as obras. Em 21 de Abril de 1909, foram saldadas as contas com o empreiteiro pelas obras de construção civil.

Seguiram-se as obras de montagem do “recheio”. As peças de talha foram executadas por dois entalhadores: Alberto de Sousa Reis encarregou-se da construção do altar-mor e tribuna, as credências, os altares na capela-mor, os cadeirais e bancos, os púlpitos, o altar do Senhor dos Passos e mais 30 castiçais e os cristos para os altares, tudo por 1.765$000 réis; Domingos Sousa Braga construiu os outros quatro altares e as grades da comunhão, por 1.020$000 réis. O douramento, em alguns frisos da madeira, ficou a cargo de Joaquim de Sousa Reis, por 320$000 réis. A pintura da tribuna foi executada por Joaquim Sousa e custou oitenta mil reis. Estas obras foram executadas nos anos de 1910 e 1911.

Devido ao conflituoso ambiente político que se seguiu à implantação de República, e da entrada em vigor da Lei de Separação do Estado das Igrejas, de 20 de abril de 1911, e também à necessidade de resolver alguns problemas de construção a igreja manteve-se fechada até 5 de setembro de 1920.

Manuel Lopes Martins