Vai ser inaugurada no estuário do rio Ave, em Vila do Conde, uma tecnologia inovadora que, através de uma cortina de bolhas de ar, recolhe plásticos antes que estes cheguem ao oceano. A inauguração do equipamento, no âmbito do projeto europeu MAELSTROM, está marcada para a manhã de sábado (25), às 10h30, anunciou o Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) da Universidade do Porto em comunicado.
O sistema é constituído por uma barreira de bolhas (‘Bubble Barrier’), um compressor e um sistema de captação. “A barreira de bolhas é criada pela bombagem de ar através de um tubo perfurado, localizado no leito do rio, que cria uma corrente de bolhas ascendente, trazendo os detritos para a superfície. Ao colocar a Bubble Barrier na diagonal, o fluxo natural da água direciona os detritos para as margens e para o sistema de captação, onde estes são recolhidos para serem processados e reciclados”, explica a nota.
A tecnologia captura cerca de 86% dos detritos inorgânicos presentes na coluna de água, sem obstruir a passagem de peixes, de outra vida aquática ou o tráfego de navios. É sustentada por um sistema de painéis solares, térreos e flutuantes, que deverá produzir 57.300 quilowatt-hora de energia renovável durante o primeiro ano de funcionamento. Isto irá compensar “parte da eletricidade usada pela Bubble Barrier inicialmente, proveniente da rede elétrica convencional”.
“O problema da poluição fluvial é universal: os detritos, sobretudo plásticos, são transportados pelos rios, atravessando fronteiras regionais e nacionais, antes de chegarem aos oceanos”, salienta o CIIMAR.
A tecnologia resulta de uma colaboração entre o CIIMAR, a Câmara de Vila do Conde, a Docapesca – Portos e Lotas, e contou com o apoio da Agência Portuguesa de Ambiente e da Autoridade Marítima – Capitania de Vila do Conde.
Financiado pelo programa Horizonte 2020 da Comissão Europeia, o projeto MAELSTROM é coordenado pelo Conselho Nacional de Investigação Italiano e reúne centros de investigação, empresas de reciclagem, organizações não governamentais, cientistas marinhos e especialistas em robótica de oito países europeus, onde o CIIMAR é o representante português.