Podia bem ser o titulo de uma canção pimba este ’Meu querido mês de Agosto’. Poema de fim de férias que o não foram. Desabafo de encontro e desencontro entre amigos. Referência saudosa, de uma juventude perdida. Lembrança de romance vivido em época estival. Relato sobre um mês de Verão com dias improváveis, mais maus que bons, mas para todos os gostos. Agosto, de praias interditas, ditas com justificações mal-ditas. Feiras, romarias, abertas e fechadas com Covid, fazendo de conta que sim, porque não. Incêndios e foguetório a gosto, e juventude aos magotes com festa por desgosto. Muita nostalgia de um tempo que passou, e não se quer apagado ou esquecido na memória de vida vivida, num futuro diferente para viver. E aquela ‘coisa’ nos lares?! Então não é que só agora se lembraram dos ‘depósitos de velhinhos’. Coitados. P’ra li despejados.
Meu querido mês de Agosto! Pode, foi, será, terá sido, um tempo para esquecer. Mas que veio para ficar. Por cá, por lá, pelo mundo, veio. Com bom senso, custa menos a mudança!
Agosto foi a representação plena da utopia da globalização em todo o sem esplendor, grandeza e bondade, miséria e diversidade de egoísmos. Foi este o do mês de Agosto de 2020. Época dita de férias, que o não o foram, de um ano atípico, bissexto, diferente, intimidativo e intimadatório. Com o mundo virado do avesso, cheio de máscaras, mascarado por medo, temeroso por arrogante, tornando crentes os descrentes que acreditam no ‘milagre’ de uma vacina que mate um vírus, e nos vá salvando das bactérias que os que governam, não se governem. Um vírus que serve para tudo, e que é uma oportunidade para os oportunistas e incompetentes, pais genuínos, não assumidos, do descalabro ético que mina a sociedade mundial contemporânea. O descrédito político e social que faz emergir a descrença, tem no medo e nos medos um bom angariador de ‘novos’ velhos ‘salvadores’.
Desconfinado, o indígena nacional, com o despontar da praia em Agosto, se os ingleses não aterravam por cá, e ‘nossos’ emigrantes minguavam, esquecendo a prisão caseira, vá de aligeirar a roupa e rumar para onde todos rumavam. Praia ou interior, que agora está na moda, o que importava era ir. E foram, muitos e aos molhos. Então não era verdade o que diziam: – o ‘bichinho’ não se dava bem com o calor! – e mesmo com clima a não se lembrar do calendário, se mal houvesse, em Setembro sempre se encontraria a quem apontar culpas dos males que daí viessem. A Pandemia cheirava já a palavra gasta, e com a chegada do tempo mais frio e do que habitual, o regresso ao trabalho e às aulas, seria por certo tempo de ‘nova prisão’, um dado quase certo, ao acreditar no que diziam, em tom de adivinhos, os diferentes meios de comunicação social. Se o mal voltar a acontecer, o vírus reganhar em vitimas, o que já está a acontecer, o indígena extravagante, descuidado, de preferência em matilha, vai exigir medidas. Medidas urgentes, sem contrição e sem perguntar o preço a pagar. Em nome do seu ‘direito à saúde’, à ‘sua liberdade’ de cidadania. Para manter a paz social, está escrito na gestão recente da crise, haverá sempre quem paga. O governo ou a união europeia. E nós, os outros, os que cumprimos e respeitamos o viver em Liberdade, respeitando a Liberdade dos outros. E lá veremos, o tal português que se presa, desleixado e transfuga, contribuir no abocanhar do que o governo dá, mesmo que não goste do SNS, ou diga que abomina a Solidariedade Social.
Para memória futura, que uns tantos vão querer reescrever, o anos de 2020, teve um Agosto que não foi ‘querido’, perturbante e perturbador no viver quotidiano. Confuso, na confusão oficial e oficiosa. onde a os valores e princípios apenas servem para justificar os meios, sem regras, na desordem que o respeito pela lei e ordem invocados nos fazem descrentes. Incrédulo, impotente, frustrado e enganado, o comum dos mortais é constantemente posto à prova na sua capacidade de ler, ouvir, ver e entender. O que de manhã era uma certa e boa decisão, por força do ‘vírus’, é à tarde dado como má, maléfica. A ‘vacina’, milagrosa, vai estancar o vírus, mas não o mal social feito, a que nem a Justiça poupou, e que Setembro destapou.
José Andrade