O afeto não tem idade – Opinião de Mariana Reis Sarmento

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Diferentes fases de vida correspondem a diferentes pontos fortes no que concerne às nossas capacidades. As crianças têm energia e observam o mundo que as rodeia com curiosidade, enquanto que os idosos apresentam a sabedoria que foram construindo ao longo da sua vida e atribuem significado a cada nova situação com base na maturidade das suas experiências. O que poderemos ganhar quando juntamos estas diferentes gerações e estes diferentes pontos fortes?

Em várias gerações, os avós faziam parte dos cuidadores principais das crianças da família, sendo que muitas vezes viviam debaixo do mesmo teto. Contudo, isto é algo que se tem perdido. Estaremos a perder algo mais?

Se for permitido o contacto entre crianças e idosos, avós e netos, podemos fazer várias descobertas. Podemos perceber que afinal as crianças gostam de outras atividades para além dos “ecrãs” e das tecnologias… afinal têm iniciativa e imaginação para criar as suas próprias brincadeiras, gostam de estar ao ar livre e de mexer na terra, ser uma companhia e ajudar os avós em pequenas tarefas. Estas são oportunidades para diversas aprendizagens e de se sentirem ativas, úteis, confiantes. Nestes momentos, podemos observar que os avós também são expostos a vários desafios! Os netos podem ser exigentes a vários níveis: “avô, ajuda-me a colher laranjas da árvore!”, “avó, ajuda-me a fazer esta receita!”, “avô, ajuda-me no trabalho de casa de matemática!”, “avó, como é que se escreve esta palavra?”. À beira dos netos, os avós nem se apercebem de que estão sempre a exercitar as suas capacidades cognitivas e motoras e, a par disto, podem sentir-se acompanhados, acolhidos e valorizados.

Para além de todos os benefícios que podem existir para um bom desenvolvimento para os mais novos e de um envelhecimento positivo para os mais idosos, há uma vantagem significativa para ambos: o afeto. Costuma-se dizer que “ser avó/avô é ser mãe/pai com dobro do açúcar”. O que sabemos é que, de facto, os avós têm muito “açúcar” para distribuir e as crianças precisam tanto dele!

Para benefício de todos, incentivemos os momentos de convivência intergeracional e criemos tempo e espaço para o aprofundamento das relações entre avós e netos.

Este artigo de opinião foi escrito para a IPSS SANCRIS, da qual o meu avô, Arnaldo do Carmos Reis, foi fundador. Assim, devo acrescentar que tudo o que escrevi foi comprovado pela criança que fui, em cada momento que com ele vivi.

Autoria da ilustração “Inês Reis Sarmento”

Mariana Reis Sarmento

Psicóloga Clínica

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