No que respeita a competições desportivas, neste período pandémico, só as primeiras divisões seniores das diversas modalidades, continuam a competir e, por estes dias mais críticos, só a estes é permitido treinar com as melhores condições possíveis.As restrições impostas pelo governo na gestão da pandemia trouxeram consequências desastrosas para o desporto de formação, tal como comprovam os números de atletas federados inscritos nas mais diversas modalidades. Desportos como andebol, voleibol, basquetebol e hóquei patins apresentam uma diminuição de cerca de 50%, em número de inscritos, em relação ao ano passado. E são apenas exemplos, se olharmos para o “desporto rei”, a federação portuguesa de futebol apresenta uma queda de 75%, de 159.318 jovens atletas federados à data de março de 2020, agora conta com 39.471 atletas federados.
O Secretário de Estado do Desporto e da Juventude reconhece o impacto dramático da pandemia no Desporto, essencialmente nos escalões mais jovens, mas não prevê um regresso das competições para estes atletas antes de setembro ou outubro. Ora, se estes jovens não podem praticar o seu desporto preferido como até então praticaram, será que têm mantido alguns hábitos e rotinas de exercício físico? Até que ponto está comprometida a saúde e a condição física dos jovens?A OMS tem vindo a alertar para a importância de nos mantermos ativos chamando a atenção para o prejuízo dos comportamentos sedentários e para o benefício do exercício físico para a nossa saúde. Recente-mente disponibilizou um documento onde especifica o tipo e duração do exercício aconselhado para cada grupo etário, incluindo mulheres grávidas (em pré e pós parto) e pessoas com doenças crónicas e deficiências. Mas recomenda para a importância da prática do exercício adequado às necessidades e capacidades individuais.
Se nos focarmos nas recomendações para os jovens com idades compreendidas entre os 5 e 17 anos, o que OMS nos diz é que o exercício deve ser de pelo menos 60 minutos por dia e incluir exercícios de fortalecimento muscular 3 vezes por semana afim de melhorar a aptidão cardiorespiratória e muscular, a saúde cardiometabólica, óssea e mental, a cognição e reduzir a gordura corporal.
A questão que coloco é: como é que os jovens conseguem cumprir esta sugestão respeitando simultaneamente as restrições impostas? Embora a OMS defenda que “toda a atividade física conta” e que “quanto mais melhor”, a verdade é que é perigoso não termos acompanhamento na prática. Não basta apelar à criatividade e incentivar, é preciso garantir a orientação e excelência na prescrição do exercício porque, de facto, toda a atividade física conta mas nem sempre quanto mais melhor.
Henrique Ferreira