“Estão a faltar muito à escola”, lamentava o Miguel Maia sobre as crianças ciganas do agrupamento Cego do Maio. Ele próprio um poveiro de etnia cigana, espera que a sua comunidade, especialmente a jovem, se vá integrando cada vez mais. “Este novo projeto vai ser uma motivação para eles seguirem o ensino e depois a vida deles”.
O projeto de que fala é o eduK’ARTE, impulsionado pelo agrupamento de escolas Cego do Maio e apresentado na tarde desta quinta-feira nas instalações da EB 2/3. O objetivo é fomentar a qualificação e integração dos jovens residentes nos Conjuntos Habitacionais de Soares da Costa e Incons, da União de Freguesias de Póvoa do Varzim, Beiriz e Argivai.
Miguel Maia foi o porta-voz e vai ser a ponte de ligação com a comunidade. Nasceu na Póvoa de Varzim, tem 26 anos e trabalha em construção civil. “Irei contactar com os alunos e os seus pais para fazer a sensibilização”, partilhou. Espera que os mais novos consigam quebrar “a rotina” do absentismo e da falta de motivação.
Arlindo Ferreira, diretor do agrupamento, acrescentou que o eduK’ARTE “abrange sobretudo alunos de etnia cigana – embora não só – e vai ter a participação direta de cerca de 50 estudantes, além de, indiretamente, familiares e outros jovens que não frequentem a escola e tenham até 24 anos”.
Mencionando a pandemia, lembrou que “estes alunos terão sido os mais prejudicados pelo ensino à distância. Iremos ajudá-los a recuperar em termos de aprendizagem, podendo haver atividades até no período de verão”.
“Investimento no futuro”
Aires Pereira, presidente da Câmara, destacou a importância destas ações que podem “fazer a diferença”: “É um investimento que estamos a fazer no futuro da sociedade. Estamos a trabalhar com as comunidades para fazer com que todos se sintam integrados. Não se pretende retirar as tradições e culturas de ninguém. Pretende-se, sim, dar alternativas aos jovens e às famílias, mostrando-lhes que há um futuro a ser trilhado e que a escola é a grande âncora que nos une”.
A Câmara irá facultar recursos humanos (psicólogos e técnicos) e também financeiros. Também irá disponibilizar o acesso a equipamentos e espaços como Garrett ou a Varzim Lazer, dando aos jovens a possibilidade de “conhecer outros mundos”. A autarquia é, pois, o “motor” do projeto.
Zero casos de covid no regresso às aulas presenciais
O diretor do agrupamento aproveitou para revelar que regresso às aulas presenciais foi “tranquilo”, com toda a comunidade não estudantil a ter sido testada à covid, desde o pré-escolar ao 3º ciclo. Houve 0 casos positivos. “Não temos nenhum positivo desde o arranque do 3º período”, disse.
A consciencialização para distanciamento e higiene “sempre houve” e os alunos “estão preparados”. O facto dos professores já terem tomado a primeira dose da vacina também dá outra “segurança”.