No artigo deste mês de maio, lembro António Costa. Nascido em Vila do Conde, a 26 de dezembro de 1936 e, entretanto, já falecido.
Morou em Argivai mais de quarenta anos, foi casado e teve cinco filhos (dois filhos e três filhas).
António Costa foi um pescador de mar alto.
Andou na pesca à linha, do bacalhau, na Gronelândia e na Terra Nova.
Esteve dezoito anos como embarcadiço, na Marinha Mercante Holandesa.
Entrevistado, em 2001, pela Voz de Argivai, afirmou que a pesca portuguesa já tinha, cada vez mais, aparelhos precisos para navegar, ao contrário de antigamente, em que não tinham nada.
Segundo o que relatou: “dantes era tudo à base da orientação. Quando se andava à procura de peixe, usavam o malho (uma pedra) amarrada a uma corda e batiam à proa do barco para chamar o peixe, isto, de noite. De dia era à base da gorgulhada (os gorgulhos que o peixe fazia à tona de água). Mais tarde, veio o faxilupi (uma sonda) para fazerem a marcação do cardume do peixe.”1
Ao reler um livro de Júlio Verne: “Há rajadas de vento do equinócio que assaltam os barcos, ao longo das ilhas, e destroem em algumas horas, toda a flotilha de pesca, mas o peixe pulula nos bancos da Terra Nova e as companhias quando têm sorte, encontram farta recompensa dos trabalhos e perigos que passam naquele foco de tempestades.”2, relembro e encontro curiosas ligações com homens de Argivai, ou que, neste caso, vieram viver para a nossa freguesia, e cá ficaram até ao fim.
Homens do mar alto, que enfrentaram a fúria revoltosa do oceano.
1 A Voz de Argivai. Entrevista a António Costa. Outubro de 2001. p.2
2 VERNE, Júlio – Viagens Maravilhosas. O bilhete de lotaria nº 9:672. 4º edição. Livraria Bertrand, p.24.