Rui Coentrão: “Amamos o futebol mas muito mais os nossos familiares”

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Rui Coentrão encarna a mística alvinegra e é um dos poucos jogadores com a “marca Varzim” neste plantel de 2019/2020. Uma época que, sob o ponto de vista pessoal, está marcada negativamente pelas lesões que o afastaram de ser opção para o técnico Paulo Alves durante muitas jornadas, e no último mês e meio com a paragem do futebol devido à pandemia da Covid-19. Em quarentena, como o restante plantel, o capitão alvinegro acedeu a conversar com o MAIS/Semanário.

Estes são tempos difíceis para si e para o restante plantel?

Naturalmente que são, mas o importante neste momento é seguirmos todas as recomendações para travarmos esta pandemia. No início talvez se desvalorizasse os efeitos que este vírus está a provocar, e agora que estamos nesta situação, acredito iremos ultrapassar com sucesso. Estar em casa é o menos mal, até porque há muita gente bem pior e sem as nossas condições. Quando nos disseram para ir para casa, sentimos alguma pena, até porque temos um balneário muito unido e estávamos a realizar um excelente campeonato.

É importante o apoio da família?

Claro que sim. O conforto de estar com os nossos, protegendo-nos e protegendo-os é fundamental. Quando iniciei no futebol e tive que deixar a família rumando a Alcochete, sei bem o que me custou. No Varzim temos casos de jogadores estrangeiros que também estão nesta situação e que vão matando as saudades através das novas tecnologias de comunicação. Falta-lhes a família de sangue, mas não lhes falta o nosso apoio, de técnicos, corpo médico e dirigentes. Uma palavra de grande apreço para esta direção que tem primado por não deixar que alguma coisa falte a cada um de nós.

Como tem decorrido o treino individual e em casa?

Desde a primeira hora que temos planos individuais de treino, acompanhados através das novas tecnologias, minimizando esta paragem forçada. Cada um de nós é responsável e quer estar na sua melhor forma possível para corresponder à chamada para voltar a exercer a nossa profissão.

Acredita ser possível o reatar do campeonato?

Ninguém mais que os jogadores querem isso, até porque o Varzim conseguiu esta época um grupo de trabalho fantástico e que estava a proporcionar muitas alegrias aos nossos adeptos. Fomos obrigados a parar, e ainda bem, porque estávamos a pôr em risco a nossa e a
saúde das nossas famílias. Amamos o futebol mas muito mais os nossos familiares. Num balneário com cerca de 30 pessoas, sendo que algumas têm no seu quotidiano de frequentar hospitais, só mesmo com garantias de que esta epidemia estará ultrapassada é que poderemos regressar. Não podemos, de forma alguma, precipitarmo-nos e voltar à estaca zero.

E os adeptos?

A massa associativa do Varzim é fantástica, tem uma paixão enorme pelo clube, mas também é consciente. Percebe que são momentos difíceis os que atravessamos e que não faz sentido que as pessoas vão aos estádios para se contaminarem. Muito da mística do Varzim foi prontamente assimilada pelos novos jogadores devido aos nossos adeptos. Para eles também uma palavra de conforto. Tal como nós, amam esta modalidade e sentem falta de nos ver jogar. Custa esperar, mas com esperança e responsabilidade vamos conseguir marcar mais um golo, o tal que festejaremos juntos, o do fim desta pandemia.