Informação gera conhecimento e conhecimento é poder. Numa era em que o acesso à informação se desenvolve ao segundo, é importante perceber que a desinformação é uma das maiores problemáticas que assola a sociedade, colocando em risco o sistema democrático tal como o conhecemos.
Tendencialmente o indivíduo tem a propensão de atribuir, mais rapidamente, veracidade à informação a que tem acesso quanto mais esta for relevante para as suas ambições. E se, a propagação de informação não fidedigna sempre foi uma realidade existente em todas as sociedades, o perigo associado à facilidade com que se desenvolvem argumentos tendo como base apenas uma única fonte informativa é cada vez mais preocupante.
Na era da informação, a preguiça e a inércia característica de uma sociedade facilitista geram claramente uma desinformação que cria um espaço fácil para a aparição de discursos cada vez mais extremados, onde Portugal não é, nem nunca foi exceção.
É na procura de informações pré-formatadas que alienam o espírito crítico da sociedade que movimentos dos extremos do espetro político (quer à esquerda quer à direita) desenvolvem a sua narrativa. Movimentos estes que se apropriam dos vazios políticos existentes. O fosso existente entre os governados e os governantes gera um clima de desconfiança que abre caminho para que esses movimentos sejam recebidos sem contestação aparente, ganhando força junto daqueles que cada vez mais estão desligados da atuação política.
Existe então a necessidade premente de se reformar o sistema político, aproximando a sociedade das instâncias de governação. Cada vez mais existe um descrédito relativamente à classe política e num mundo que se quer cada vez mais desenvolvido, este descrédito não deve, nem pode existir. Mas, não se considere que as mudanças devem surgir das altas instâncias de poder. Todos os movimentos de mudança têm origem na sociedade civil e é dos constituintes dessa mesma sociedade que se deve dar o mote para o início desta aproximação.
É a título individual e nas ações mais mundanas do dia-a-dia que é importante ter a capacidade de ser um agente que contribui para a difusão de informação da forma mais fidedigna possível, não cedendo às pressões exteriores inerentes e tendo a capacidade de procurar incessantemente conteúdo real e não sensacionalista. É este um dos desafios mais aliciantes desta nova sociedade onde a propagação de falso conteúdo propiciada muito pelas redes sociais (mas não só) dificulta em grande medida este trabalho. Quanto mais crítica for uma sociedade mais ela se desenvolverá e irá adquirir capacidades para prosperar.
Assim, a linha que define o que é ou não informação real é muitas vezes demasiado ténue para se formar uma opinião de ânimo leve. Não contribuir para a propagação de informação falsa é apenas um primeiro passo numa caminhada que se adivinha longa. É importante desenvolver uma capacidade crítica que origine a desconstrução deste tipo de discursos. Só desse modo se evitará que movimentos antidemocráticos surjam e adquiram plataforma no contexto político, colocando em causa todo o sistema democrático como até hoje o conhecemos.
João Magalhães