Diretores de escolas poveiras preocupados com ensino à distância “mais prejudicial”

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Enquanto presidente do Conselho das Escolas, José Eduardo Lemos presta aconselhamentos junto do Ministério da Educação acerca das escolas e do ensino. Numa semana em que os alunos voltaram ao ensino à distância, após quinze dias de paragem devido à pandemia, o também diretor da Eça de Queirós manifesta algumas preocupações com todo este processo.

Para Eduardo Lemos, sendo a falta de computadores um importante constrangimento, “não será o maior”, analisou em declarações ao JN. “Parece-me que os maiores constrangimentos advêm do deficiente planeamento do cenário de ensino não presencial. Repare que dos dois regimes previstos para aplicar numa situação de agudização da pandemia, se transitará diretamente para o mais radical e prejudicial – ensino à distância – sem passar pelo regime misto. Tal só pode ter uma de duas leituras e nenhuma delas abonatória para o planeamento efetuado: ou o regime misto é inadequado e nem sequer deveria ter sido previsto ou as escolas estiveram demasiado tempo em regime presencial e, nesta altura, já seria contraproducente a transição para o regime misto”.

A mesma fonte continua: “Não se percebe bem que, desde março de 2020 e até ao momento, ainda não se tenha resolvido a falta dos equipamentos, que inviabilizou o acesso de muitos alunos ao ensino à distância; não se percebe bem a resposta a dar aos alunos que não têm condições para terem aulas em casa; não se percebe bem a atual pausa letiva, poucos dias após os alunos terem a pausa de Natal. São muitos os ziguezagues no capítulo da avaliação dos alunos”.

Diretor de agrupamento exige “pedido desculpas” por parte do ministro

Arlindo Ferreira, diretor do Agrupamento de Escolas Cego do Maio, da Póvoa de Varzim, considera que, neste regresso às aulas via digital, o Ministro da Educação deveria desculpar-se publicamente pela pela falta de material informático que ainda se verifica em muitas famílias.

“Hoje o Ministro devia pedir desculpas a todos os alunos e às suas famílias que não conseguiram ligar-se aos seus colegas e professores”, escreveu no seu blog pessoal na segunda-feira.

“São imensos os pedidos de pais e encarregados de educação que no dia de hoje chegam às escolas para exigirem o direito a um equipamento que os faça acompanhar as aulas dos seus filhos com os seus professores. E quem devia vir publicamente pedir desculpas por não cumprir uma promessa feita era o Ministro da Educação, se para isso tivesse coragem”.