Os sinais de 30 de janeiro

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Seguindo a velha máxima da lenda portista “Prognósticos? Só no fim do jogo!” aqui partilho a minha análise:
MAIORIA ABSOLUTA: Apesar de António Costa desejar, mas não acreditar- como se viu pela viragem de estratégia durante a campanha – o sinal foi claro. As pessoas não ficaram assim tão enamoradas da geringonça quanto a comunicação social, nem quanto Pedro Nuno Santos. Ficou evidente que o eleitorado preferiu estabilidade e moderação e que António Costa goza de muito capital político junto do povo português. Foi o vencedor e provou uma vez mais a sua capacidade de ler o eleitorado.
PSD: Como seria a vitória, também foi a derrota. Unipessoal. A obsessão pela purga interna e pela procura de traidores, ao invés de fazer oposição consistente foi a receita perfeita. Não falou para a classe média, não gerou nenhuma esperança e não foi capaz de se apresentar como solução para um amanhã melhor. Além da nulidade na oposição ao ponto de acabar com os debates quinzenais, acresce a enorme insensibilidade social (opôs-se ao aumento do salário mínimo e à redução dos passes sociais). Os seus fiéis seguidores esqueceram-se de avisar: Uma eleição para PM, não é uma eleição para ROC.

CHEGA: Vampirizou o voto rural e conservador do CDS e algum do voto conservador do PSD. Como partido de protesto, quanto mais o PSD tiver como estratégia de oposição “fazer-se de morto”, mais espaço para o CHEGA.

IL: Um dos vencedores da noite. Cresceu absorvendo alguns dos que seriam naturais quadros do PSD e CDS. Para manter e crescer, a IL tem que apresentar algo mais que o voto fiscal.

BE e PCP: O chumbo do orçamento teve um peso importante, mas não menos importante o facto de a população perceber que não é possível dar tudo a todos, sem tirar a muitos. Seguem a tendência europeia de desaparecimento. O BE terá como inimigo direto o Livre e o PAN se quiser recuperar aos anteriores níveis de representatividade.

CDS: Chicão é o exemplo que as máquinas partidárias estão desfasadas do sentimento popular. Apesar de o partido estar mais próximo da liquidação do que da recuperação, Nuno Melo pode ter aqui um papel importante recuperando o voto rural e conservador que fugiu para o Chega. Sem representação parlamentar o trabalho será uma missão quase impossível.

PAN e LIVRE: São partidos unipessoais que apesar de representarem novos desafios, continuam muito desfasados da realidade e heterogeneidade de Portugal. O facto de só conseguirem mandatos em Lisboa é ilustrativo.

PNS: De pouco lhe serviu controlar a máquina e fazer-se de morto para aparecer com a queda de Costa. Como me dizem vários amigos socialistas “No dia em que ganhar o partido, o PS perde o país!”. Vamos esperar para ver se os “friends with benefits” da geringonça vão manter a paz social.

Quanto ao futuro dedico-o ao meu partido, ao PSD. Este mau resultado deverá longamente debatido, mas a nova liderança calmamente decidida. Tem de voltar a falar para a classe média, tem de recuperar a agenda do ambiente e de ser capaz de combinar o crescimento económico com a valorização do trabalho.

Ao invés das reformas estruturais, deve focar-se em soluções pontuais que sejam de rápida concretização e disruptivas. Juntar o ambiente e a agricultura! Nos tempos modernos, não se pode conceber ter estas duas realidades separadas. Deve materializar uma agenda para a transição digital do Estado tendo como foco a satisfação dos cidadãos e a redução de tempo despendido e processos realizados. Precisa de recuperar o eleitorado com expectativa e arrojo dando espaço aos novos quadros altamente qualificados. Por fim, deve batalhar na redução da carga fiscal para as famílias e não só para os jovens. Convém não esquecer que há cada vez mais uma grande camada da população que entrou para o mercado de trabalho na anterior crise e que já não tem idade para beneficiar do IRS jovem.