Para grandes males…

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O Varzim embandeirou em arco ao comunicar publicamente “Somos mais de 5.000 sócios/Veste a nossa pele”, num misto de satisfação e de esperança num aumento da “Família Varzinista”. Um marco histórico para o clube mais representativo da Póvoa de Varzim. É certo que esse número atingido “limpinho”, sem baixas nem “saltos acrobáticos”, engloba três categorias diferentes no valor das cotizações, consoante as idades: Criança (até aos 9 anos), Jovem (dos 10 aos 17 anos) e Singular ou Adulto (maiores de 18 anos). Portanto, com valores diferentes no “bolo” das receitas. Mas o certo é que num momento desportivo da equipa de futebol (sempre a mola real no barómetro financeiro) não tenha sido nada famoso, com altos e baixos que tantas incertezas criam, é de realçar este aumento significativo do número de sócios. É sinal de que o espírito varzinista se mantém vivo e bem vivo, não só dentro do clube como da própria terra que o alberga.

Quando assim acontece há que endereçar parabéns a quem contribui para esse crescimento, estejam ligados aos órgãos diretivos ou como colaboradores, porque todos não são de mais. Se por um lado é motivo de orgulho e de esperança no futuro, por outro, há sempre algo a lamentar. Está neste caso, principalmente quando se perde alguém levado pela força da morte. Especialmente se esse alguém tem o nome ligado ao clube, durante longos anos, impulsionado pelo amor clubista. Como é exemplo flagrante o arrastamento pela morte desse grande colaborador de longa data, António da Assunção Barral. Com 92 anos de idade e mais de meio século sempre de coração varzinista bem vivo, o clube acaba de sofrer uma grande baixa, em vários aspetos. Foi dos mais entusiastas trabalhadores em prol do clube. O seu arquivo de “relíquias varzinistas”, principalmente na recolha de documentos que marcam toda uma vivência, sejam eles no recorte de jornais ou no arquivo de documentos, é um manancial que enrique uma fonte de tanto interesse para a história do Varzim. Haja quem dê seguimento ou saiba preservar o que existe com vontade de o ver crescer. Os problemas criados em volta do seu clube do coração, se por um lado mereciam críticas severas a quem os criava, por outro procurava arranjar maneira não só de os divulgar como também de tentar soluções. Era um fervoroso adepto de bancada, quer nos palcos futebolísticos, onde por vezes se notava o seu descontentamento ou a sua alegria, conforme os casos apareciam. Por vezes notando-se muito ao longe as suas críticas. Mas era o coração varzinista a fervilhar. Para lá de tudo deixou uma família que lhe deu continuidade ao seu varzinismo. Filhos que seguiram a carreira no futebol quer no campo da luta, quer fora dele em várias partículas de que se compõe o futebol; com descendentes ligados aos corpos diretivos, no campo da colaboração de cargos diversos, até mesmo, com alto rendimento na parte interna respeitante à secretaria.

Foto: Varzim SC

Morreu António Assunção, precisamente no dia em que o Varzim se congratulava com o substancial aumento de sócios. Que sirva de bálsamo para tão aberta chaga no seio varzinista.

Uma chaga que ficou aberta nas aspirações do clube que foi a eliminação do Varzim da Taça de Portugal, logo na primeira prestação da “Rainha das Provas” desta época de 2023-24. A massa adepta que tanta contribuição tem dado à equipa, saiu desiludida de Ponte de Lima ao ver prematuramente o Varzim ser afastado da Taça de Portugal por uma equipa de escalão inferior, que disputa o Campeonato de Portugal. Sem desprimor pelo valor do adversário que fez o seu papel ao chamar a si o triunfo embora num desempate final de grandes penalidades, em que aproveitou todas as 5 da série, enquanto os varzinistas não foram tão eficientes.

Agora há que corrigir o que tanto falhou nesse jogo (que foi bem visível ao ponto do seu treinador reconhecer, mas assumindo culpas próprias, o que é uma virtude sem as querer dividir como muitos da arte fazem por aí fora) e pensar seriamente no futuro que pode marcar uma época de glória e não de falta de vida. O Campeonato vai agora crescer, com as equipas intervenientes a darem tudo por tudo não só para obterem um dos 4 lugares de cada uma das séries/zonas geográficas (Norte Sul), mas e principalmente aumentando de tensão, no desejo de obter um lugar ao sol nos Campeonatos profissionais. O Varzim tem uma palavra a pronunciar para corresponder às ambições do clube e, não é demais dizê-lo, a quem deseja que a sua terra tenha o nome cada vez mais elevada seja já em que campo de ação for. Na carreira do Varzim tem de se atirar para trás das costas o fracasso da Taça de Portugal, o que, diga-se de passagem, não ser virgem casos destes registados ao longo dos anos, a intercalar com um por outro sucesso até frente a equipas grandes. Se por um lado há que esquecer esse dia negro em Ponte de Lima (no caso da derrota e na exibição da equipa), por outro lado pode servir de “aviso à navegação” para que repetições destas não se registem futuramente. Às vezes é bom lembrar o ditado popular “para grandes males, grandes remédios”.

Opinião Luís Leal – ‘O Meu Cantinho’