Saúde Mental na Terceira Idade – Opinião de Joana Dourado

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A saúde mental é um marcador essencial para o bem-estar biopsicossocial durante toda a vida, mas a sua relevância aumenta à medida que envelhecemos.

O envelhecimento está relacionado com diversos eventos de vida que têm um grande impacto na saúde mental dos idosos:

  • A solidão e o isolamento promovem a diminuição da interação social, levando a uma maior predisposição para o desenvolvimento de ansiedade e depressão;
  • O processo de luto, mais comum nesta faixa etária, pode tornar-se patológico pela maior dificuldade em lidar com a dor da perda de um ente querido e em ajusta-se à nova realidade, como por exemplo a viuvez;
  • O declínio cognitivo, caraterístico das demências, tem um grande impacto na saúde mental dos idosos, pois para além das alterações de memória, pode causar confusão, desorientação e ansiedade quem podem culminar num comportamento desadequado e/ou
  • Por último, as doenças crónicas e as limitações físicas decorrentes do envelhecimento normal, podem afetar a auto-estima e qualidade de vida dos idosos. A necessidade de adaptação às limitações pode conduzir a sintomas depressivos ou

Assim, deve ser feita uma abordagem preventiva, de forma a reduzir o risco de problemas de saúde mental e promover um envelhecimento saudável.

Para isso, estratégias preventivas devem ser implementadas para que haja uma adaptação adequada a estas mudanças.

Estas estratégias passam por:

  • Fomentar uma alimentação saudável, de forma a fornecer os nutrientes necessários para a manutenção de um cérebro saudável;
  • Promover a atividade física regular – o exercício físico melhora o humor e reduz o stress e ansiedade, para além de ajudar a manter a função cognitiva;
  • Manutenção da interação social para que promover o bem-estar emocional e prevenir a solidão. O isolamento social é um importante fator de risco para os problemas de saúde mental;
  • Estimular a participação em atividades significativas de forma a proporcionar ao idoso um sentido de propósito de vida, como atividades de voluntariado ou participação em grupos/ hobbies de interesse;
  • Promover a manutenção de um estilo de vida saudável através de atividades intelectuais, culturais e recreativas, de forma a prevenir o declínio

É importante ainda não exagerar na proteção dos nossos idosos, no entanto devemos simultaneamente estar atentos a sinais que possam demonstrar alguma alteração no âmbito da saúde mental. Os sintomas cognitivos (falhas de memória, dificuldade de raciocínio ou pensamento mais lento) ou emocionais (apatia, tristeza ou mudanças de humor) podem ser indicadores de doença mental e, havendo um diagnóstico e intervenção precoce, é possível minimizar os sintomas ou travar a progressão da doença.

Adotando esta abordagem, somos capazes de antecipar e prevenir problemas e também promover um envelhecimento saudável. Devemos, passo a passo, promover a saúde mental dos idosos e garantir que são fornecidos os cuidados e apoios necessários para que estes possam viver com qualidade.

Enfermeira Joana Dourado, Hospital Magalhães Lemos

(Serviço de Internamento de Agudos)