Dia Mundial da Barba com a história de Joaquim Silva, barbeiro há 60 anos (fotos)

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Celebra-se este sábado, 7 de setembro, o Dia Mundial da Barba. Para assinalar a data, o MAIS/Semanário foi conhecer a profissão de barbeiro, através de Joaquim Silva, que dedicou e continua a exercer a sua vida aos cortes de cabelo e às barbas.

Joaquim Silva tem 77 anos e foi aos 16 anos que “comecei a aprender, janeiro de 1963, na Poça da Barca aprendi a trabalhar”. Até aos dias de hoje nunca mais deixou a profissão, nem quando foi para a tropa: “estive três anos na tropa e continuei na mesma a trabalhar na profissão”.

Joaquim diz que esta paixão nasceu “mais ou menos por acidente”, e depois de ter cumprido o serviço militar, “comecei a trabalhar para uma barbaria que ficava em frente ao Grémio da Lavoura, em frente do mercado antigo. Depois passei para a frente da Farmácia Nova”. Entretanto, “quando foram as obras de restauro dos Torreões, eu e o sapateiro passámos para a central de camionagem”, onde estabeleceu a sua barbearia por muitos anos, até que, “há quatro anos, a Câmara perguntou-nos se estávamos interessados em vir para aqui e viemos”.

Para este barbeiro a decisão foi fácil de tomar, uma vez que “as condições não têm nada a ver com as de lá de cima, em todos os sentidos”.

“Tenho clientes desde 1963, com 60 anos. E ainda ontem servi aqui um cliente de quando eu estava na Poça da Barca, em 1963. Desde que comecei a trabalhar faz o corte comigo”, afirmou Joaquim que, apesar do fenómeno crescente das barbearias, na Póvoa de Varzim, continua a ter os seus fiéis clientes.

Para Joaquim, este ‘boom’ de barbearias deve-se “às modas e aos jogadores de futebol e atores” e acredita que esta procura pelas barbearias vai continuar, “há modas e tudo tem o seu tempo, vamos ver, esperemos que a moda das barbas aguente muito tempo”.

Joaquim sabe que “agora voltamos à moda das barbas. Houve um período que começou, mas morreu logo. Mas agora precisamente por causa dessa moda dos cortes de cabelo voltou novamente”. Quem procura a Barbearia do Mercado, estabelecimento de Joaquim Silva, “é mais para a barba tradicional e cortar a barba. Ainda tenho clientes que optam por vir cortar a barba duas vezes por semana aqui na barbearia”.

Os clientes da Barbearia do Mercado correm todas as faixas etárias: “tenho malta nova e tenho malta com 79 e 80 anos”. E vêm de longe – “tenho clientes que vêm de Esposende, do Porto. Ainda no sábado vou servir um cliente que está em França e, quando vem, só corta aqui o cabelo. São clientes antigos”.

O espaço onde Joaquim trabalha é muito peculiar, e este barbeiro tem uma exposição na montra do estabelecimento com os materiais antigos, que se usavam quando começou a trabalhar. São peças que contam histórias. “Por acaso, esta exposição que eu tenho aqui começou com uma brincadeira minha, juntei algumas coisas que tinha, comprei outras que ia vendo e outras ofereceram-me”.

Estas relíquias já percorreram alguns países, “esta exposição já chegou a ir à Polónia, Inglaterra, à França e ao Brasil. Tivemos uma senhora polaca que estava a fazer aqui um curso de Erasmus de cabeleireiro, ela era cabeleireira na Polónia, e perguntou-me se eu queria expor estas coisas lá, e foram para a Polónia”. Joaquim ainda guarda as primeiras navalhas: “a navalha ainda uso bastante, mas agora são navalhas com lâmina, antigamente eram afiadas em assentadores”.

Neste dia da barba, Joaquim Silva deixa um conselho a todos os jovens e futuros barbeiros: “é serem profissionais e terem gosto naquilo que fazem, porque na vida para tudo é preciso ter gosto, se for só por ganância do dinheiro, então nem vale a pena, é temporário”.