Desde o primeiro segundo das suas vidas até ao último instante, que lindas são as portuguesas!
Utilizamos a expressão “envelhecer como vinho do Porto” para descrever homens que consideramos charmosos, nunca o referindo relativamente às mulheres que nos rodeiam (um ultraje à honra da Dona Antónia Ferreira e de tantas outras mulheres responsáveis pela produção deste nosso vinho!). Aliás, se refletirmos sobre o uso que damos à palavra “charme”, concluimos que raramente a aplicamos às mulheres. De onde vem esta invisibilidade do charme no envelhecimento da mulher? A atratividade pode ir além dos padrões convencionais?
Pensamos na Simone de Oliveira, na sua elegância e graciosidade. Uma mulher que revela em cada traço a marca que deixou na cultura deste país. Relembremos a Maria Teresa Horta, no seu estilo irreverente e olhar insubmisso, que com firmeza defendeu as suas convicções na luta feminista. Pensemos na Rosa Mota que na sua esguia figura carrega o peso da determinação que alcançou uma medalha de ouro olímpica. Estas belezas são mais profundas, pois não dependem apenas das suas aparências encantadoras, mas também da formosura das suas personalidades. De facto, a sensualidade não tem um “prazo de validade”, não se limita ao aspeto físico, enquadrando-se na forma como a pessoa se relaciona consigo mesma e com os outros, nomeadamente através da postura, comunicação, confiança, autoconhecimento e bem-estar emocional.
Que mulheres charmosas temos neste país, que envelhecem como um bom vinho do Porto! Comemoremos a beleza das mulheres na sua maturidade, bem como a sua sensualidade e a singularidade dos seus rostos, corpos, cada ruga e cabelo branco. Podemos ressignificar a beleza ao longo da vida, com uma visão realista e saudável.
Celebremos os sinais de uma vida vivida e o Dia da Mulher, pois a nossa luta deu frutos, mas continua!
Artigo escrito por Mariana Reis Sarmento, Psicóloga e Amiga da Associação de Solidariedade Social de Santa Cristina de Malta (SANCRIS).