Na expectativa

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EDMUNDO MARQUES

Um acto normal em democracia, é transformado em Portugal como um atentado à mesma, por pessoas responsáveis e por isso insuspeitas de desconhecerem as regras normalíssimas deste sistema político.

Que a direita portuguesa se sinta frustrada,,, já que sendo o Partido mais votado não consegue constituir Governo, é previsível, normal e aceitável.

Que os seus responsáveis desbocadamente e com perfeito conhecimento da verdade, mintam aos portugueses e não aceitem a realidade, é imoral, anormal e desabona as personalidades que assim procedem.

Já a Comunicação Social, não assumindo a sua posição ideológica, escamoteando a verdade, é altamente criticável e perturbador numa democracia com quarenta anos de existência.

Se a assumiu, não faz mais do que defender os seus interesses, o que é legítimo e respeitável.

Ora a verdade é que os jornais que normalmente leio, não assumem qualquer ideologia e dizem-se, independentes, livres e democráticos.

E não é menos verdade que estão a mentir aos portugueses, induzindo-os a uma precessão errada da realidade europeia.

Que a direita revanchista e ignorante o faça, também e normal e era previsível.

Que a direita responsável, instruída e séria, o faça, é que é anormal e não era expectável.

Que o senhor Presidente da República nos dois discursos pós eleições um pouco contraditórios, nos deixe suspensos duma decisão que tarda, é que já não é muito normal, tão clara é a Lei pela qual é obrigado a reger-se.

Mas dum Homem que já se esqueceu dos insultos do Independente, da irrevogável, depois revogável decisão do mesmo Senhor, que por opção ideológica e dizendo-se representante de “todos os portugueses” não vá ao funeral de José Saramago nem à homenagem a Melo Antunes, tudo é de esperar.

Também a mim me surpreendeu o acordo conseguido por António Costa com os outros Partidos de esquerda,

Mas sem dúvida que ao consegui-lo, e se ele se mantiver pelo tempo previsto, ficará na História por ter conseguido trazer para as decisões políticas portuguesas o milhão de votos que essas forças representam e que há muitos anos são esquecidos.

Veremos se o consegue.

Mas à Comunicação Social que acima referi, competia-lhe dizer, a todos os que menos informados o ignoram, que na UE existem presentemente cinco países em que o Primeiro Ministro não é do Partido mais votado das eleições.

São eles, o Luxemburgo onde há trinta e cinco anos isso não acontecia, na Bélgica, na Dinamarca, na Letónia e na Noruega.

E não me venham dizer que são países pouco desenvolvidos ou pouco democráticos.

Por mim, e porque confio nos Homens até prova em contrário, espero para ver.

Penso que, com realismo, todos devemos fazer o mesmo e deixar testar e viver a democracia plena que esta decisão comporta e que tem provas dadas de ter meios para resolver os problemas que possam surgir.