Eleições à vista

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ABEL MAIA

As eleições legislativas começam a marcar a agenda e as declarações dos representantes dos partidos políticos. Tudo o que disserem e fizerem a partir de agora tem de ser apreciado e medido à luz desta
realidade. As visitas às fábricas de sucesso e às feiras vão passar a ser uma realidade, tema ou justificação, para aparecerem nos principais noticiários das televisões. Conjuntamente vamos ver uma chuva de almoços e jantares de campanha, o que nos poderia dar a ideia de que a política também se faz com os pés debaixo da mesa (não deixa de ser um quarto de verdade).
Durante meses vai ser assim. Temos de conviver com isso. É a democracia a funcionar, no seu aspeto mais comezinho e pitoresco.
Os comentadores de serviço, esforçando-se por parecer isentos, vão intensificar as narrativas apropriadas para nos explicar e influenciar, que o país deve seguir este ou aquele caminho, o que é o mesmo que dizer, que devemos votar neste ou naquele partido.
Vai ocorrer, ainda, uma busca incessante das fragilidades e das gaffes dos protagonistas, lembrando o passado e o presente, os seus amigos e as cortes respetivas.
Uma mão cheia de festas, aqui e ali, a lembrar a televisão generalista de domingo à tarde. Portugal no seu melhor.
Mas nem tudo está perdido!
Para estas eleições, tenho para mim, a Economia, valha-nos isso, vai ser a estrela maior. O PS deu o mote, com o seu cenário macroeconómico, prometendo para junho o seu programa eleitoral baseado no essencial daquele cenário. O PSD promoveu tal estudo a programa de governo e fez vinte e nove perguntas. Sempre podiam ser trinta, pelo menos era um número redondo. Agora, aguarda-se o início dos contra-ataques e que os outros partidos coloquem as suas cartas e os seus trunfos para cima da mesa, para que isto não volte a ser um jogo de sueca, onde guardar as cartas é arte necessária. Na política tem de ser cada vez menos.
Estas legislativas terão ainda um brilhozinho maior. Haverá outras estrelas a cintilar, numa sobreposição eleitoral, para escolher o Comandante Supremo das Forças Armadas e inquilino de Palácio de Belém.
Quem gosta de acompanhar a vida política, vai ter um ano de delícias.
Uns cobres a mais para comprar jornais e um pouco mais de televisão, não fazem mal à economia. Estou nesse lote, com lugar cativo no meu sofá. Quanto a pés debaixo da mesa, estou proibido pelo médico e pelo cinto.