‘Nós da Dança’… ou a Póvoa na arte de dançar!…

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JOSÉ ANDRADE

Sim!, ‘Nós da Dança’, é uma companhia de dança da Póvoa. Fundada, dirigida, acarinhada, conduzida, por gente da Póvoa.

E foi essa gente da Póvoa que nos passados dias 09 e 10 de Maio, organizou e levou ao palco do renovado espaço do Cine-teatro Garrett , em duas notáveis actuações, a classe e a graça da dança, ou, de como a arte inebria os olhos e tolda o espírito.
Sob a direcção artística de Odete Rios, a peça “Deuses e Demónios”, da autoria do coreógrafo Benvindo da Fonseca, tendo como fundo musical, trechos da cantata, Carmina Burana, de Carl Off, foi o reencontro de um projecto artístico de dança, onde a arte anda de mãos dadas com o ensino e o espectáculo.

A Póvoa, o público poveiro, voltou a poder desfrutar, no renovado Cine-teatro Garrett, no seu espaço de espectáculos de eleição, a mais uma das realizações, feitas e coordenadas, pelas suas gentes, em bons e bem conseguidos espectáculos . Os dois espectáculos da companhia poveira “Nós da Dança”, com a peça “Deuses e Demónios”, a cargo de um elenco, onde constam os bailarinos, Andreia Barros, Baptiste Hilbert, Catarina Barbosa, Isadora Ribeiro, Joana Marques, Marcelo Magalhães, La Salete Vieira e Sérgio Quintela, entusiasmaram a plateia, que delirante, de pé, longamente, foi aplaudindo o desempenho do que naquele palco a simbiose da musica e da dança ali se desenhou.

“Deuses e Demónios”, o yin e o yang, a escuridão e a claridade, irmanou a música de Carmina Burana, que é uma parábola da vida humana, exposta a constantes transformações, e enquadrou o tema que se desenvolve a partir do prólogo, evocando a fortuna, evidenciando tipos de personagens humanos e desumanos , satíricos, sensuais e irreverentes, um percurso cénico que tem na segunda parte, onde surgem, com paisagens da costa verde, bem portuguesa, o enquadramento da relação Homem/Natureza, onde o recurso ao jogo das cores, é apelativo e bem conseguido. E como não há duas sem três, a terceira parte, a ‘grand finale, onde o culto ao vinho e ao amor, foi a celebração da vida e os exageros, como contraveneno da realidade.

“Deuses e Demónios”, um grande espectáculo, foi um grande espectáculo, onde através da dança, no que ela tem de mais sensorial e emocional, levou o público assistiu à sublimação da vida, identificando-se com os personagens retratados, delirando e delirando-se. Está de parabéns Odete Rios pela grande produção, está de parabéns pelo desempenho profissional e de grande qualidade técnica apresentada. Estão de parabéns os bailarinos… e está de parabéns a Companhia Poveira “Nós da Dança”.