Legislativas antecipadas e seu enquadramento – Opinião de Mário Bettencourt Sardinha

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As Legislativas são antecipadas por causa da demissão do primeiro-ministro, no seguimento dum parágrafo infeliz, que a PGR Lucília Gago acrescentou a um comunicado do Ministério Público sobre a Operação” Influencer”, em que refere que António Costa estava a ser investigado criminalmente. E, tanto quanto se soube na altura, pelo facto do seu nome – apenas – ter sido mencionado. Foi completamente desproporcionado, para se autodefender….

Assim, o país vai a eleições no dia 10, donde sairá uma nova governação. A oposição procurava-o há muito. Na verdade, vinha tentando criar com jogo político, por vezes com enredos traiçoeiros e politiqueiros, a convicção nos portugueses que “tudo estava mal”, numa altura em que está criada em Portugal, a cultura de não deixar governar quem está no Poder.

Na pré-campanha foram transmitidos 30 debates televisivos, sendo 28 entre dois líderes partidários e dois com todos os partidos, o primeiro entre os que não têm assento parlamentar e o outro com os que têm assento parlamentar. Todos vincaram a sua ideologia, afloraram as suas propostas e os seus projetos, tentando criar no eleitorado a convicção que o “caminho” que defendem é o melhor, mas penso que pouco ou nada o influenciaram…

O modelo dos debates entre dois líderes não foi o melhor. De facto, excetuando o último, o do líder do PS Pedro Nuno Santos com o líder da AD Luís Montenegro, que durou cerca de uma hora e vinte minutos, os outros foram muito curtos com a duração de cerca de meia hora e, todos muito sectorizados. Não foram, como era devido, informativos e esclarecedores. Os líderes falavam…interrompiam-se… acusavam-se…atropelavam-se…mentiam e, só quem estivesse muito atento em que ia percebendo. Os temas em cima da mesa foram predominantemente os que muito têm afligido e preocupado os portugueses: a habitação, a saúde, a justiça, as pensões, os salários, o choque fiscal. Naturalmente que cada líder abordou essas causas, conforme a sua ideologia e filosofia política; à esquerda do PS só Estado, à direita da AD o Estado é inútil e, quanto menos, melhor.

No debate de Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos, em que o socialista voltou a ser ele, mostraram qua são dos melhores ativos dos seus partidos: competentes, sérios, responsáveis, com bons projetos políticos, embora com soluções e prioridades diferentes. Enquanto à direita, Montenegro apelou ao voto útil na AD, à esquerda Nuno Santos apelou ao voto útil no PS. Os outros partidos, de direita ou de esquerda não gostaram, repudiaram, dizendo que a maioria de direita ou de esquerda se fazia com eles.

Os Partidos “esqueceram-se” que na política macroeconómica, o quão difícil é mexer nalgumas variáveis, pelas suas consequências e, que tem que ser seguida uma política de gradualismo e de concertação social, para Portugal não se tornar, em última instância, num país ingovernável. Não há petróleo, nem minas de ouro…. Haverá lítio se….

Fui dos que viu os debates todos, porque vendo os primeiros, depois quis ver até onde chegava a desfaçatez dalguns líderes e de doutos comentadores, que foram um espetáculo dentro doutro espetáculo. E as notas num canal, por eles atribuídas ?!…

A partir do passado dia 25 de fevereiro começou a campanha propriamente dita, em que aumentaram as arruadas, os comícios e os almoços ou jantares convívio pelo Pais. No dia seguinte, com a ausência de André Ventura, houve o debate com as rádios. À tarde apareceu Passos Coelho em Faro, onde discurso numa concentração da AD, criando-lhe problemas ao associar a insegurança à imigração. Também Núncio (CDS) defendeu uma limitação de acesso ao aborto e um novo referendo. Montenegro está bem metido… Cavaco Silva e Durão Barroso, igualmente em campanha, atacaram o governo e o PS. António Costa esteve na campanha do PS, muito acrescentou e, muito a valorizou.

As arruadas têm corrido bem, estando as de Numo Santos e as de Montenegro muito concorridas e coloridas, com os líderes em permanente comunicação com as pessoas.

Entretanto diria que embora as eleições sejam para a Assembleia da República, o que está a escolher-se é o futuro Primeiro-Ministro. Assim, cabe aos portugueses escolherem quem deverá liderar um novo governo, para dar resposta aos seus problemas e aos dos País; quem deverá ser o “motor” para a sua melhor qualidade de vida e para um melhor Portugal: Luís Montenegro ou Pedro Nuno Santos.

Ainda há muitos indecisos. Para um cenário de governabilidade, está tudo em aberto.

Mário Bettencourt Sardinha