MÁRIO BETTENCOURT SARDINHA
É já no domingo o dia da grande decisão de os Portugueses escolherem o que pretendem com as legislativas para Portugal. E, digo, o dia da grande decisão, mesmo determinante, porque o futuro de Portugal e dos Portugueses dependerá do seu voto – não desperdiçado – na urna. Penso que era importante que todos, mesmo todos, votassem. Cabe-lhes com lucidez refletir, julgar o que é de julgar, decidir e escolher quem pretendem para os governar. E isso, porque é importante pensar no dia seguinte, o início de todas as consequências boas ou más, porque Portugal poderá tornar-se “ingovernável”. É que o Primeiro-Ministro e naturalmente o Governo, sairão do Partido ou Coligação que obtiver maior número de deputados. Pensemos bem nisso e não poderemos ficar indiferentes. Bem sei e digo-o, com alguma inquietude, que depois de conhecer as listas dos candidatos, reconheço nalguns, poucos, competência e capacidade, mas quanto à esmagadora maioria, pergunto: o que é isto? É que, o que nos apresentam, nem sempre é o que gostaríamos, mas reflete a realidade da política atual. Todos, reforço, incluindo naturalmente os indecisos e mesmo os que são indiferentes, deveriam patrioticamente e no interesse do País colaborar na construção de um novo e diferente Portugal. Aliás, será um momento de importância acrescida, em que não deveremos faltar ou falhar.
Estamos num momento de grande imprevisibilidade de quem ganhará as eleições. Haverá o que se poderá dizer um empate técnico entre a Coligação PSD / CDS, Portugal à Frente, que é Governo e o Partido Socialista, a verdadeira alternativa.
Estamos em fim de campanha, que terminará sexta-feira à noite, depois de uma pré-campanha e tenho tido a oportunidade de ver e ouvir quase todos os 12 partidos / coligações, que se candidatam em todas os círculos eleitorais, dando uma atenção especial aos que têm assento no Parlamento, mas sobretudo à Coligação e ao Partido Socialista, donde sairá o futuro Governo. Não tenho obtido novidades.
É minha convicção que em toda a campanha tem havido a bipolarização entre o centro esquerda ( PS ) e o centro direita ( Coligação ) e que António Costa tem estado melhor que Passos Coelho, tentando de uma forma séria, responsável apresentar ao País o programa do PS com um projeto consistente e fundamentado com contas certas, enquanto a Coligação tem centrado as suas intervenções na chantagem e no amedrontar os Portugueses : “nós ou o caos“, “trocar o certo pelo incerto”. Também no branqueamento do que foram os últimos quatro anos de uma austeridade desmedida, que trouxe situações sociais difíceis, nalguns casos dramáticas, aflitivas e mesmo cruéis, como o empobrecimento, a miséria, a degradação, o desemprego, os cortes em pensões, as insolvências, a emigração de muitos jovens, alguns bastante qualificados etc.
Quero sublinhar que as sondagens que temos conhecido não apresentam a verdadeira realidade. E isso, porque enfermam dum vício, defeito, na via como os dados são recolhidos, através de telefones fixos que já poucos subscrevem, principalmente os jovens, os desempregados, os casais desestruturados, que tentam minimizar custos. Há exemplos bem recentes, que o ilustram: a Grécia e o Reino Unido. Penso que as empresas de sondagens têm muito que melhorar para não desinformarem.
Portugal tem um sistema eleitoral que muito dificulta a maioria absoluta. Mas, mesmo assim, António Costa e Passos Coelho repetidamente e bem, têm-na pedido, porque não é a mesma coisa haver um Governo com estabilidade ou não.
Aguardemos, com muita serenidade, o próximo domingo.