Eleições diretas no PSD

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No dia 13 realizam-se eleições diretas para a escolha do líder do PSD. Penso que não é a melhor via, mas é a que agora está instituída. Sou adepto dos congressos eletivos – sempre com grandes movimentações -, que apesar das jogadas, muitas promessas, aldrabices, intrigas, “facadas”, traições, as várias intervenções com “alma” de militantes experientes, com preparação intelectual e política conduziam a uma eleição mais ponderada, mais racional, sem dúvida, a uma melhor solução.

O PSD há vários anos descaracterizado, descredibilizado, com uma classe dirigente muito fraca, quase bateu no fundo. O percetível declínio dá-se com Santana Lopes em 2004/5, acentua-se com a infeliz, frouxa e incapaz presidência de Filipe Meneses e, Passos Coelho acaba por levar o Partido ao estado lastimoso em que se encontra. Naturalmente, que ao longo desses anos, muitos militantes que pensavam o Partido e o País, não querendo ser confundidos e cúmplices com o ignóbil cinzentismo a que chegou, algumas vezes politiqueiro, ridículo ou infantil, foram saindo… Mesmo, o seu eleitorado indefetível, foi-se afastando…

Na verdade, o líder do Partido e também quando o era do Governo, com um rumo errado, por incompetência e incapacidade nunca soube bem gerir o que lhe era cometido, exigido. Aliás, conduziu o País a um grande empobrecimento, a uma situação aflitiva e o PSD a uma grande mediocridade, sem ideologia. Esgotado, com um balanço negativo, percebe que não tem quaisquer condições de prosseguir e com uma atitude e postura corretas, sem se demitir, assume não se recandidatar e avança com o Partido para eleições.

Nesse quadro, surgem as candidaturas de Rui Rio e o muito pressionado Santana Lopes. Com qualquer um deles o PSD sempre ficará melhor, mas no momento difícil que vive, precisava de alguém com perfil diferente. Assim, nessa nova etapa, uma figura nacional, carismática, credível, com o melhor de ambos … e com peso e estofo político, muita lucidez, extrema ambição e visão de futuro, com uma grande e inteligente estratégia.

Conheço Santana Lopes de Congressos do PSD e Rui Rio de Assembleias Distritais do Porto. Quando Santana intervinha a sala enchia-se e havia uma corrida aos lugares. Tinha uma dicção timbrada, simpática, bastante audível, muito invocando Sá Carneiro e o PPD/PSD, mas que pouco acrescentava… Aliás, nunca ganhou um congresso eletivo, apesar de já ter sido Presidente do Partido em 2004/5, por secessão de Durão Barroso. As intervenções de Rio muito técnicas, de grande rigor, sempre acrescentavam …

Sabendo a evolução política de ambos, as suas formas de ser, de estar, o que disseram, o que têm dito, o que dizem, o que propõem e o que podem representar para o Partido e para o País penso que com Santana Lopes será a continuação do mesmo, e que Rui Rio é capaz de trazer um ciclo de esperança ao fazer uma rotura – uma verdadeira “revolução” – com o passado recente, reganhando a filosofia social-democrata, mudando o discurso, encontrando novos rostos, novos porta-vozes, novos protagonistas e, mesmo, reformar o regime e colocar Portugal na “ primeira divisão” do nível de vida da Europa, como propõe.

Estas eleições são muito importantes, porque vão para além do Partido já que quem as ganhar será o opositor e a alternativa em 2019 a António Costa. Estão 70.385 militantes em condições de votar, para o que houve uma grande mobilização e apressada “correria” para o pagamento das quotas em atraso, tudo levando a crer que haverá uma votação maciça. Há muito a defender e muito a conquistar, o que leva a uma grande divisão nas distritais, nas concelhias, nas secções, nos militantes… e a uma grande IMPREVISIBILIDADE de quem as vencerá.